
Um novo estudo da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp revela que o perfil dominante entre os consumidores de alimentos orgânicos no Brasil passou por mudanças significativas nas últimas décadas. A pesquisa, conduzida pelo engenheiro agrônomo Ricardo Cerveira, mostra que as mulheres representam hoje 81% dos consumidores, ante 62% em 1999. Além disso, o público se tornou mais jovem: a maioria está na faixa entre 21 e 40 anos.
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data-start="878" data-end="1248" class="">A motivação principal continua sendo a saúde, mas cresceu o peso das questões ambientais na decisão de compra. O trabalho, resultado da tese de doutorado de Cerveira, também aponta uma queda na disposição para pagar mais pelos orgânicos. Se há 25 anos mais de 30% dos consumidores aceitavam preços acima dos convencionais, hoje esse índice varia entre 10% e 30%.
Orientado pelo professor Christiano França da Cunha, o pesquisador destaca que o comportamento do consumidor ainda é pouco estudado pela academia, apesar de ser peça-chave para o desenvolvimento da cadeia produtiva de alimentos orgânicos. “É preciso enxergar como ele é e o que ele quer. Isso é básico”, afirma Cerveira.
Uma análise bibliométrica feita como parte da pesquisa mostra que, de 1999 a 2023, apenas 0,31% dos artigos acadêmicos sobre produção orgânica abordaram o comportamento do consumidor, segundo a base Scopus. No universo de alimentos convencionais, esse percentual sobe para mais de 4%.
O estudo alerta para uma lacuna no campo científico e aponta a necessidade de mais atenção ao perfil e hábitos de quem consome orgânicos, setor que segue em crescimento no país e no mundo.