Foi mais rápido do que o esperado. Essa foi a única surpresa no episódio envolvendo o novato vereador de Campinas, Vini Oliveira (Cidadania), que agora adicionou o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) à sua lista de desafetos.
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O parlamentar já havia prometido que não diminuiria sua atuação. Em entrevista ao FPX Cast, o podcast deste colunista, o então recém-eleito indicou que flagrar as condições da área da saúde na cidade seria uma prioridade.
E foi exatamente o que ele fez. Não vou julgar o mérito da forma como foi conduzido, mas é preciso relatar que o jovem político cumpriu o prometido. Iniciou seu mandato adentrando unidades municipais de saúde para verificar o trabalho realizado (ou não realizado) pelos profissionais.
Nos moldes de ações vistas no CQC ou pelo MBL, Vini promoveu uma espécie de "inquérito" no Hospital Mário Gatti, cobrando a presença e atuação dos médicos plantonistas. Como era de se esperar, a iniciativa gerou reações. Médicos se disseram constrangidos com a abordagem veemente do vereador e acionaram o Cremesp. O Conselho, por sua vez, já solicitou a abertura de procedimento ético na Câmara de Campinas — algo que pode até resultar em cassação — e avalia medidas adicionais, como recorrer ao Ministério Público e buscar uma liminar para impedir o vereador de realizar novas “inspeções”.
O embate ganhou um novo capítulo quando o Cremesp utilizou as redes sociais, a mesma ferramenta de Vini, para divulgar um vídeo sobre “médicas ameaçadas por vereador de Campinas”. Na postagem, o Conselho trouxe o depoimento de Daiane Copercini, uma das plantonistas abordadas por Vini. “Estava de plantão no dia 1º de janeiro deste ano em um hospital aqui do município. Eu entrei às 7 da manhã e sairia às 7 da manhã do outro dia. Às 20h15 fui jantar, retornando às 21h15, momento em que fui surpreendida.”
No vídeo postado pelo vereador, Daiane é questionada sobre a ausência de uma colega, Mariana, que, segundo a plantonista, também havia saído para jantar. Na sequência, o vídeo traz a informação que Mariana teria acabado de chegar de viagem da capital paulista.
O Cremesp, em nota, declarou que “não irá tolerar qualquer constrangimento ou ameaça às prerrogativas médicas dos profissionais de São Paulo.” Já o vereador respondeu às críticas, defendendo a legalidade de suas ações e argumentando que seu objetivo foi garantir atendimento adequado à população, apoiando-se no poder fiscalizatório garantido pela Constituição.
Caso a representação contra Vini avance na Câmara Municipal, o embate poderá ganhar contornos mais políticos do que legais. Sua abordagem aos médicos, embora tenha gerado a ira da classe, também expõe problemas nas unidades municipais, atingindo, por consequência, a gestão Dário Saadi. Com 26 parlamentares na base, muitos já observam com inquietação a volúpia, o protagonismo e a popularidade do novato, ao menos nas redes sociais.
Esse imbróglio oferece à base governista e à própria administração municipal uma inesperada carta na manga contra o jovem vereador, caso suas ações ou manifestações comecem a incomodar.
Começou cedo, mas não foi inesperado.
Pontes e viadutos
A Prefeitura de Campinas está sendo cobrada por um vereador de sua própria base aliada pelo não cumprimento da Lei Municipal nº 15.716/2018, que determina a divulgação, no site oficial do município, das vistorias realizadas em pontes, passarelas e viadutos. Luiz Cirilo (Podemos), autor da legislação aprovada pela Câmara, levantou o questionamento e encaminhou um pedido formal ao Executivo solicitando informações sobre a execução da norma, bem como relatórios detalhados das inspeções realizadas no último ano.
A cobrança ganha relevância devido ao recente fortalecimento do Podemos na administração municipal, com a nomeação de Adegas Junior para a Secretaria do Clima. A manifestação de Cirilo expõe uma insatisfação com o tratamento do tema, mesmo com o partido ocupando cargos estratégicos no governo.
“O cumprimento dessa lei é essencial para garantir a segurança da população e a transparência na gestão pública. Solicitamos que a Prefeitura esclareça se as vistorias estão sendo feitas e que disponibilize os relatórios para que a sociedade tenha acesso às informações”, afirmou Cirilo.
O parlamentar ainda reforçou a urgência da manutenção dessas estruturas, especialmente diante de eventos climáticos extremos que aceleram o desgaste urbano. Ele citou a recente tragédia no Maranhão, onde o desabamento de uma ponte causou 14 mortes, para alertar sobre os riscos de negligência.
Limeira em calamidade
A Prefeitura de Limeira anunciou estado de emergência financeira após identificar uma dívida acumulada de aproximadamente R$ 530 milhões. A medida foi oficializada pelo prefeito Murilo Félix (Podemos) e busca equilibrar as contas públicas e manter a prestação de serviços essenciais à população, como coleta de lixo, poda de árvores e manutenção da cidade.
Entre os principais débitos estão R$ 80 milhões em contas do Tesouro sem saldo disponível para pagamento imediato e R$ 100 milhões em valores devidos ao Instituto de Previdência Municipal, acumulados entre 2020 e 2024. Para enfrentar a crise, foi criada uma Comissão para Análise e Revisão de Contratos, que terá 90 dias iniciais para apresentar soluções, com possibilidade de prorrogação.
Além disso, medidas de contenção de despesas foram implementadas, como suspensão temporária de horas extras, férias e licenças-prêmio, além de cortes em gastos como energia elétrica e combustíveis. Áreas essenciais, como saúde, educação e segurança, não serão impactadas pelas restrições, segundo o Executivo.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.
