A Faculdade de Medicina de Bauru (FMBRU) da Universidade de São Paulo (USP) ganhará três novos programas de residência médica (RM) em 2025 nas especialidades de pediatria, ginecologia e obstetrícia e radiologia. A unidade abriga o curso de medicina, iniciado em 2018, e já conta com RMs de anestesiologia, otorrinolaringologia e cirurgia crânio-maxilo-facial.
Com as novas áreas, a faculdade passará a ofertar 31 vagas de residência ao ano, sendo dez em pediatria, cinco em ginecologia e obstetrícia e quatro em radiologia. A instituição aguarda a liberação de recursos do Ministério da Saúde para custeio das bolsas e prevê realizar os exames para seleção dos residentes no fim de janeiro, com início das especializações em março.
Segundo o professor José Sebastião dos Santos, diretor da FMBRU e superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho), nas RMs, os médicos residentes permanecem quase a totalidade do período de sua formação dentro de unidades públicas de saúde, em contato direto com pacientes e sob supervisão de preceptores e professores, colaborando com a assistência à população de Bauru e região.
"Levamos o serviço de profissionais diferenciados, com uma visão crítica, porque estão sempre aperfeiçoando suas práticas. E, para a faculdade, é importante formar profissionais especializados", pondera
O diretor conta que a especialização em anestesiologia, com três vagas ao ano, foi a primeira a ser implantada devido à escassez de anestesistas no País, inclusive para atuar em cirurgias no Centrinho, unidade incorporada pelo Hospital das Clínicas (HC).
"Há alguns anos, também passamos a oferecer cinco vagas de otorrinolaringologia e uma vaga de cirurgia crânio-maxilo-facial ao ano, tendo em vista que a deficiência auditiva e as anomalias craniofaciais são a base do Centrinho. São residências com duração de três anos, então, já temos médicos especialistas formados pela faculdade", comenta.
As novas RMs também foram escolhidas considerando o perfil de assistência do Centrinho e do HC, mas também em razão da falta de profissionais, como é o caso da pediatria. O desinteresse da classe médica pela área veio na esteira da rápida transição demográfica, com queda no número de filhos por mulher e aumento da expectativa de vida, o que resultou no envelhecimento da população.
"Ainda assim, faltam pediatras, especialistas importantes para a saúde da criança, assim como ginecologistas obstetras são fundamentais para a saúde da mulher. Também precisamos de radiologistas em função da grande demanda por diagnóstico por imagem. O HC já conta com ultrassonografia, tomografia e terá ressonância magnética neste ano, dando retaguarda também aos pacientes do Centrinho", antecipa, acrescentando que o complexo HC/Centrinho soma 132 leitos e precisará de mais profissionais à medida que a estrutura dentro do HC é ampliada.
De acordo com o diretor da FMBRU, as residências ocorrem em hospitais e unidades de atenção básica subvencionados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A de radiologia, por exemplo, será essencialmente no HC; já a de pediatria e ginecologia e obstetrícia serão vinculadas a hospitais estaduais, incluindo a Maternidade Santa Isabel.
"E estamos em uma conversa muito estreita com o município porque também pretendemos colocar os residentes em cinco unidades de Saúde da Família, uma unidade básica de saúde e uma unidade de pronto atendimento", revela.
Meta da unidade é ofertar ao menos 60 vagas ao ano
A meta da FMBRU é ofertar ao menos 60 vagas de residência médica ao ano, número equivalente às vagas abertas por turma no curso de medicina. Para tanto, deverá solicitar neste ano ao Estado e União a aprovação de mais três programas de RM para 2026, que podem ser acomodados no HC: medicina de emergência, clínica médica e terapia intensiva.
"O serviço no HC está muito estruturado, conta com 16 leitos de UTI infantil e 20 leitos de UTI adulto, e continuará sendo ampliado até ser totalmente ativado. Hoje, por exemplo, são seis salas no centro cirúrgico, que deverá contar com mais oito salas. E a presença dos residentes ajuda muito no desenvolvimento da unidade", comenta o professor José Sebastião dos Santos.
Além de oferecer residências, a FMBRU mantém cooperação com o Hospital Estadual, que possui residência de cirurgia geral. Como professores de cirurgia da faculdade atuam no programa da unidade de saúde, a instituição de ensino propôs ampliar o número de vagas nesta especialidade em 2026. As tratativas ainda estão em andamento.