PRESO NO VALE

Coronel atira contra 3 e é preso após policial matar seu cachorro

Por Jesse Nascimento | Guaratinguetá
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução
Caso aconteceu no bairro Colônia Piagui
Caso aconteceu no bairro Colônia Piagui

Um coronel da Aeronáutica, de 61 anos, foi preso em flagrante na noite desta quinta-feira (10), no bairro Colônia Piagui, em Guaratinguetá, após um incidente que envolveu disparos de arma de fogo e a morte de um cachorro. O coronel foi indiciado por tentativa de homicídio e disparo de arma de fogo. A ocorrência teve início após um policial civil,  de 50 anos, efetuar disparos contra um cão que havia avançado em direção a uma mulher, de 34 anos. O animal era do coronel, que reagiu atirando contra o policial civil e outras duas pessoas presentes no local.

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Segundo informações do boletim de ocorrência, a situação começou em uma construção onde se encontravam o policial civil, a mulher e outro homem, de 30 anos. A Polícia Militar foi acionada para comparecer ao local, após receber um chamado via Copom (Centro de Operações da PM) sobre disparos de arma de fogo.

Os policiais militares relataram que, ao chegarem na construção, encontraram o policial civil explicando que havia disparado contra o cachorro da raça pitbull para proteger a mulher que estava no local. O animal, que pertencia ao coronel da Aeronáutica, teria avançado em direção à vítima, o que motivou o uso da arma.

Após perceber o ocorrido com o cão, o coronel, visivelmente alterado, começou a efetuar disparos contra as pessoas presentes. O policial civil foi atingido de raspão e buscou refúgio em um cômodo da construção, juntamente com as outras duas vítimas, enquanto o coronel continuava a atirar. Ao menos três disparos foram realizados pelo coronel, um deles atingindo a parede externa do banheiro onde as vítimas estavam abrigadas, poucos centímetros abaixo de uma janela basculante.

Prisão e apreensão de armas

Os policiais militares conseguiram localizar o coronel, que continuava armado, e procederam com a apreensão de sua arma de fogo, carregador e munições. Com a chegada do Comando da Aeronáutica, foi decidido que o coronel seria conduzido até a delegacia por oficiais da própria Aeronáutica, para evitar uma escalada de tensão. No local dos disparos, foi acionada a perícia técnica para a realização de levantamentos iniciais.

De acordo com os relatos colhidos pela Polícia Militar, o coronel estava sob o domínio de violenta emoção quando começou a atirar, motivado pela morte de seu cachorro. Durante a abordagem, o autor dos disparos teria ameaçado os presentes e demonstrou hostilidade até mesmo em relação aos policiais que atendiam à ocorrência.

Versão do Policial Civil

De acordo com o Boletim de Ocorrência, o policial civil envolvido no incidente declarou que, ao notar a aproximação do cachorro em atitude agressiva, efetuou o primeiro disparo para afastar o animal. No entanto, segundo ele, o cão retornou e, ao tentar invadir o interior da construção, foi alvejado novamente. O segundo disparo foi fatal. A versão foi confirmada preliminarmente pela perícia, que identificou três lesões no corpo do animal, sendo duas delas causadas pelo mesmo projétil.

O policial civil ainda afirmou que, após o ocorrido, o coronel saiu de sua residência portando uma arma e proferindo ameaças de morte. Na sequência, o coronel teria realizado ao menos três disparos na direção do policial e de outras duas vítimas, que se abrigaram no interior da construção.

Delegacia

Conforme o despacho da autoridade de Polícia Judiciária, os elementos de prova colhidos até o momento indicam que o coronel agiu sob violenta emoção após a morte de seu animal de estimação. O policial civil, por sua vez, foi liberado após prestar depoimento, pois a perícia preliminar apontou que ele agiu em legítima defesa própria e de terceiro.

“O policial civil agiu em estado de necessidade, sem a intenção de provocar a morte do animal, mas apenas de proteger a integridade física das pessoas presentes. Não há indícios de ilicitude no comportamento do policial, que, inclusive, teve sua arma apreendida para perícia e oitiva formal”, concluiu o despacho da autoridade policial.

Já no que se refere ao coronel, a investigação segue para apurar com precisão o número de disparos efetuados e a motivação por trás de cada um deles. A arma utilizada pelo autor estava devidamente registrada, embora o registro estivesse vencido administrativamente. O coronel foi levado sob custódia do comando militar, conforme as normas estabelecidas, e passaria por exame de corpo delito na própria aeronáutica.

Acompanhamento e perícia

O local dos disparos foi isolado para a realização de perícia. O laudo técnico deverá fornecer mais detalhes sobre a dinâmica dos disparos e as trajetórias dos projéteis. Os vídeos gravados por testemunhas no momento do incidente mostram o coronel proferindo ameaças e disparando em direção à construção, o que corrobora com os depoimentos das vítimas.

O delegado esteve presente na cena dos acontecimentos e relatou no boletim de ocorrência: “Também compareci no local dos fatos, tendo acionado previamente a perícia do IC (Instituto de Criminalística) e, lá chegando, também assisti por diversas vezes o autor ameaçando de morte os moradores da casa vizinha e, neste momento, soube que o autor era coronel da aeronáutica. Com isso, solicitei o comparecimento de um oficial da aeronáutica para que tudo transcorresse da forma mais pacífica possível, pois, o autor, no estado em que se encontrava poderia oferecer resistência na sua prisão”, escreveu.

As armas dos envolvidos foram apreendidas para análise balística e a verificação do número de disparos. A Polícia Civil segue com a investigação, que deve incluir a análise detalhada dos vídeos, dos depoimentos e do laudo pericial para a formulação do relatório final.

Próximos passos

O coronel foi autuado por tentativa de homicídio privilegiado, em razão de ter agido sob forte emoção, e por disparo de arma de fogo. O caso será encaminhado à Justiça Militar, onde o oficial deverá responder pelos crimes imputados.

A reportagem tenta contato com os advogados das partes e já solicitou manifestação a SSP (Secretaria de Segurança Pública) e ao comendo da Aeronáutica.

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