POLÍTICA

Flávio Paradella: A Região Metropolitana do centro à direita

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/Governo de SP
O recado das urnas mostra uma insatisfação que persiste no estado
O recado das urnas mostra uma insatisfação que persiste no estado

Assim como no resto do país, a centro-direita se impôs nas eleições do último domingo nas cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Das 20 cidades que compõem a RMC, 19 municípios definiram seus prefeitos, e os eleitores dessas localidades optaram por candidatos que vão do centro à direita. A única exceção, até aqui, foi Sumaré, que terá um inédito segundo turno, no dia 27 de outubro, entre Henrique do Paraíso (Republicanos) e William Souza (PT). No entanto, o resultado do primeiro turno apontou uma vantagem de quase 17 mil votos para Henrique.

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Nas demais cidades, PL e PSD dominaram a preferência, com cada partido elegendo cinco prefeitos. O Republicanos também demonstrou sua força, com a reeleição de Dário Saadi em Campinas e mais dois prefeitos eleitos (e à espera da definição em Sumaré). O MDB conquistou três prefeituras, enquanto o PP ficou com duas, e o União Brasil elegeu um prefeito.

A ascensão desse amplo espectro ideológico pode ser atribuída a três atores principais. O ex-presidente Jair Bolsonaro fez caravanas pelo interior, articulando com prefeitos do estado para migrarem ao seu partido, o PL. Um exemplo disso é sua visita pessoal a Americana e Santa Bárbara D’Oeste este ano, captando candidatos e repetindo o processo em várias outras cidades.

Gilberto Kassab também teve um papel decisivo, saindo ainda mais fortalecido desta corrida eleitoral ao colher o maior número de prefeituras para o PSD, resultado de articulações políticas que ele vinha conduzindo desde o ano passado com diversas lideranças.

E, claro, o terceiro nome fundamental para essa vitória: Tarcísio de Freitas. O governo do estado foi disputado por candidatos de seu próprio partido, o Republicanos, e outros alinhados ao espectro político de direita. Tarcísio foi uma figura cobiçada por campanhas, oferecendo apoios, presença e gravações de apoio aos aliados. O governador foi crucial no apoio a Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, usando seu prestígio para impulsionar sua candidatura. O sucesso no primeiro turno, que eliminou o fenômeno Pablo Marçal da disputa, torna improvável uma reviravolta de Guilherme Boulos (PSOL) para tirar a reeleição de Nunes.

No entanto, tudo isso só foi possível porque, no estado, além de uma preferência pela direita, o antipetismo — que afeta toda a esquerda — ainda tem força no eleitorado paulista. O recado das urnas mostra uma insatisfação que persiste no estado e reforça a hegemonia de atores políticos que investem nessa narrativa. 2026 já começou.

Nem terminou uma...

A Câmara de Campinas, que será quase idêntica à atual legislatura, já começa a discussão para manter a mesma configuração também no comando. Após a definição eleitoral, começaram as conversas de bastidores para a eleição da nova mesa diretora para o biênio 2025-2026. Como se trata de uma nova legislatura, o atual presidente Luiz Rossini (Republicanos), reeleito vereador para um 7º mandato, pode ser candidato novamente, sem qualquer impedimento.

A coluna apurou que o veterano parlamentar tem interesse na presidência, embora alguns vereadores não estejam totalmente confortáveis com essa possibilidade. De qualquer forma, ainda há muito a ser discutido, e tudo dependerá das conversas com o vice-prefeito Wanderley de Almeida, o Wandão, que tirou alguns dias de folga após a intensa campanha de reeleição com Dário Saadi.

Frustrado

O vereador Nelson Hossri (PSD), mesmo reeleito com mais de 6,1 mil votos, tem demonstrado frustração com o resultado. A expectativa de Hossri era alcançar um número próximo ou até superior a 10 mil votos. Eu mesmo mencionei aqui na coluna que esperava que isso acontecesse, mas não foi bem assim. Apesar de garantir mais um mandato, o candidato não obteve o crescimento de votos planejado, nem pelo próprio partido.

Em entrevista à Jovem Pan News Campinas, Nelson Hossri apontou um motivo e se mostrou irritado. O vereador reeleito destacou a campanha, que considerou irresponsável, dos deputados Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, ambos do PL, que pediram aos eleitores para não votarem em candidatos do PSD, após senadores do partido não assinarem o pedido de impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Na avaliação de Hossri, isso pode ter prejudicado sua base de eleitores.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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