Somente quem esteve na rodovia Cândido Portinari, em Restinga, entre Franca e Batatais, no início da noite dessa segunda-feira, 9, e presenciou o ataque ao carro-forte da empresa Protege consegue entender a verdadeira dimensão do terror que se desenrolou ali. Criminosos encapuzados, orquestrados e fortemente armados com fuzis calibre 50 e granadas.
Uma dessas testemunhas é o motorista de um caminhão-tanque, que foi forçado a atravessar o veículo no meio da pista, criando uma barreira para impedir a chegada das forças policiais. Com medo de se identificar, o motorista disse que saiu de Cristais Paulista carregado com querosene de avião e iria até uma usina em Batatais.
A viagem estava normal, até ele perceber alguns veículos na contramão e, em seguida, dois homens com fuzis no meio da pista.
“Eles estavam vestidos de preto, todos encapuzados e deram um tiro para cima. Eu já coloquei as mãos para fora do caminhão, já me rendendo, e eles falaram: ‘para, para, para…’. O outro já mandou eu colocar o caminhão atravessado e mandou eu desligar o caminhão. Nisso, eles mandaram eu puxar o freio de mão e falaram que era um assalto, que eu não tinha nada a ver, e mandaram eu ir embora”, contou o motorista.
Ainda segundo a testemunha, os criminosos não o ameaçaram e, a todo momento, falavam que era um assalto e que ele deveria ficar tranquilo.
“Eles não me ameaçaram, nem nada. Falaram: ‘Nós estamos assaltando aqui, pode seguir seu rumo e ir embora’. Eu fui para o acostamento, andei 200 metros e me escondi na caçamba de um caminhão”.
Num primeiro momento, o motorista não imaginou estar tão perto do carro-forte e só viu o real perigo que passou depois que tudo se “acalmou”.
“Escutei várias rajadas de tiros, explosões… Quando tudo acalmou, me aproximei do caminhão e vi os pneus furados. Nessa hora que eu vi que estava muito perto de onde tudo aconteceu. Eu não sabia que estava perto desse tanto (cerca de 15 metros). Eles usaram meu caminhão para impedir o trânsito.”
“Na hora que eu voltei e vi que estava ‘na cara do gol’, como dizem, fiquei muito assustado. Foi uma cena de terror, parecia um filme mesmo”, finalizou a testemunha.
Áudios com barulho dos tiros
Durante toda a ação criminosa, vários áudios de alertas foram encaminhados em grupos de WhatsApp. Em um deles, é possível ouvir o barulho dos tiros.
"Meu Deus do céu! Está tendo tiros aqui, gente", relatou um internauta que estava passando perto do Clube de Campo.
Uma mulher gravou um áudio para quem estivesse em Restinga. "Foi Deus. Senti os tiros perto do carro, consegui retornar, muitos tiros, está tendo assalto ali em frente ao Clube de Campo. A rodovia está toda fechada. Tive um livramento muito grande."