Toda a ajuda é bem-vinda. Eu vou partir desse até ingênuo pressuposto para tentar analisar o ato que irá acontecer semana que vem em Campinas convocado por Jair Bolsonaro. Quarta-feira, dia 29, o ex-presidente vai realizar um mutirão para arrecadar doações para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
A informação caiu como uma bomba no meio político e agitou apoiadores e militantes contrários à figura de Bolsonaro.
Eu usei a palavra ‘ato’, pois não existe qualquer mobilização feita pelo ex-chefe do executivo que não seja um movimento político. Sigo até hoje com a análise feita pelo ex-prefeito de Campinas Jonas Donizette sobre a personalidade do então presidente.
Jonas um dia me disse que Bolsonaro 'acorda, passa o dia e vai dormir' calculando e planejando ações políticas. Não há gestos sem um motivo. Não há falas sem um alvo. É da personalidade do ex-presidente. E se acentuou com a presidência, com os embates e com a sequência de apoio, apesar de tudo, que o cerca.
Negar que Bolsonaro seja extremamente popular é desinteligente. O ex-presidente rivaliza em idolatria com aquele que detinha esse monopólio, Lula. Por isso, subestimá-lo é um erro grave.
Jair está inelegível, mas o país é historicamente conhecido por mudanças abruptas e casuísticas. As recentes reviravoltas judiciais da Lava-Jato mostram isso.
Se nada mudar, o ex-presidente vai precisar indicar alguém e o nome de Tarcísio de Freitas se destaca. O governador de São Paulo nega e seus auxiliares também rechaçam a possibilidade, mas se as circunstâncias em 2026 apontarem a viabilidade, aí a situação muda.
Até por isso, Bolsonaro convoca os atos em prol do Rio Grande do Sul e Tarcísio estará de prontidão. Padrinho e apadrinhado fortalecem o vínculo. Os dois devem estar lado a lado, em Campinas, para o mutirão.
Ato político? Sim. Porém, como citei, o ex-presidente é extremamente popular e deve levar milhares de apoiadores à mobilização e, dessa vez, não para a frente de quartéis, mas para realizar um ato de solidariedade.
Claro que será nas manifestações e nos termos típicos do bolsonarismo. Uma doação agressiva, mas uma doação.
Dário Saadi
Estou curioso para acompanhar como será o comportamento do prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), neste dia de mobilização com o ex-presidente.
Como citei em colunas anteriores, o investimento eleitoral do prefeito é colar na imagem do governador Tarcísio de Freitas, perfil de direita, conservador, popular, porém (bem) mais comedido que Bolsonaro.
Dário já disse a esse colunista que se considera de centro-direita, mas não um bolsonarista.
Na semana que vem, veremos como será. Dário terá um acompanhamento institucional? Buscará ficar mais próximo a Tarcísio? Ou vai grudar em Bolsonaro? Toda ação tem sua reação e imagino o grau de dúvida na pré-campanha sobre qual procedimento adotar.
Revés
Reviravolta naquela “briga” entre as pré-campanhas de Dário e de Rafa Zimbaldi (Cidadania). Na semana passada, aqui na coluna você ficou sabendo da interpelação judicial contra o deputado por causa de uma postagem nas redes sociais que tinha sido considerada ilegal, que citava a responsabilidade da gestão Dário nos eventos da ‘Festa da Bicuda’ ou, como denomina Rafa, ‘Festa da Lambuzada’.
O deputado estadual conseguiu, junto à 378ª Zona Eleitoral de Campinas-SP, repostar críticas à gestão municipal da cidade sobre autorizar e financiar a festa.
Na decisão da juíza Fernanda Silva Gonçalves, a magistrada entendeu que não há problema algum com o conteúdo que Rafa subiu em seus perfis oficiais nas redes sociais e determinou o arquivamento da denúncia, impetrada pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi.
-
Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br