NEGLIGÊNCIA

Casal acusa Hospital PUC-Campinas de negligência: “A minha vontade não foi respeitada'

Recém-nascido está internado desde o dia do parto, em 13 de março; família responsabiliza equipe médica e lamenta quadro grave e irreversível.

Por Leonardo Vieira | 26/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para a Sampi Campinas

Reprodução

Bebê segue internado e respira sob ajuda de aparelhos
Bebê segue internado e respira sob ajuda de aparelhos

Um recém nascido está internado no Hospital da PUC, em Campinas, desde o dia 13 de março, devido a complicações graves sofridas após o parto. Os pais, Francisca Lima da Silva e Valdiney Barbosa, acusam a instituição de negligência médica. 

O casal foi chamado ao hospital na manhã desta segunda-feira, 25, para receber informações sobre o quadro de saúde do filho. Segundo eles, a situação é grave e praticamente irreversível. Após o parto, o bebê teve uma parada cardíaca e foi diagnosticado com asfixia perinatal, quando falta oxigenação no cérebro. Além disso, o recém nascido pegou uma infecção hospitalar e durante procedimento de colocação de sonda, teve o intestino perfurado. Agora, apenas o coração está em funcionamento. A família utilizou os serviços através do SUS (Sistema Único de Saúde).

“Meu filho não vai sobreviver. É uma situação irreversível. Eles seguraram ele nos aparelhos desde aquele dia só para livrar a culpa deles. Mas eu tenho muita fé em Deus e eles vão ser punidos. O que eu puder fazer para denunciar, eu vou fazer”, afirma Francisca, mãe da vítima.

Família acusa de negligência 

Francisca estava grávida de 39 semanas quando sentiu dores de contração e foi ao Hospital Puc-Campinas, no dia 13 de março, para dar à luz a criança. Em exames anteriores foi constatado que o bebê estava saudável.

Por volta das 13h30, ela deu entrada na sala de emergência e permaneceu no local por cerca de uma hora. Após um exame, Francisca foi informada que não estava com dilatação suficiente para o parto normal. Segundo ela, devido a dificuldades em partos anteriores, ela optou por fazer o procedimento cesariana. No entanto, os enfermeiros não acataram.

Eles induziram o parto normal contra a minha vontade. Eu não queria indução. A minha vontade não foi respeitada. Eu fui ignorada a todo tempo. E como se não bastasse, me jogaram em uma sala sozinha. Fiquei lá das 15h05 até às 18h, sem ser examinada”.

Francisca teria sido incentivada a andar pelo corredor para aumentar a dilatação. Por volta das 18h10, com muita dor, ela pediu socorro.

“Meu marido chegou por volta das 19h e começou a pedir para que algo fosse feito. A médica apareceu depois das 19h30. Ali eu já estava com a dilatação total há um bom tempo e meu bebê já estava em sofrimento fetal”.

Francisca foi levada para a sala de parto e o marido, Valdiney, foi impedido de acompanhar. Após o nascimento, o bebê foi conduzido para a UTI, pois já estava em parada cardíaca. A família afirma que a gravidade se deu pelo descaso e pela demora no atendimento. Francisca deu entrada no Hospital às 13h30 e o parto aconteceu às 21h15.

“Quando ela chegou aqui o batimento do bebê estava em 143, quando retiram ele, estava em 77. Quando a enfermeira viu que a dilatação estava em 100%, ela tomou um susto. E minha pergunta é, porque os médicos deixaram os batimentos caírem tanto? Eu quero respostas”, questiona Valdiney Barbosa.

Eu sofri violência obstétrica. Não foi respeitada a minha vontade em nenhum momento. Meu esposo estava no trabalho. Minha família está no Ceará. Eu não tenho ninguém aqui e não teria com quem contar. Eles se aproveitaram da oportunidade e fizeram isso. Fiquei por horas deixada de lado. E o que fizeram comigo e com meu filho foi negligência médica”, finaliza Francisca da Silva.

A família registrou um boletim de ocorrência e o caso será investigado.

Resposta do Hospital da PUC

Em nota, o Hospital da PUC-Campinas informou que está averiguando o caso e que o paciente está internado na UTI Neonatal, com a família sendo acolhida e orientada. Afirma ainda que em razão da lei geral de proteção de dados, o Hospital não tem autorização para passar informações mais detalhadas sobre o paciente.

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