
O vereador Nelson Hossri (PSD) protocolou um Projeto de Lei polêmico nesta terça-feira, 4. O parlamentar propõe a proibição de mulheres trans em competições esportivas do sexo feminino, em Campinas.
Hossri afirma que é biologicamente comprovado que mulheres trans têm vantagens físicas sobre mulheres cis (mulheres que se identificam com o gênero de nascimento). O vereador ainda chama transexuais de aberração. “Não é justo competirem em igualdade de condições e exemplos desta aberração aparecem a todo momento. Por mais que se sintam mulheres, atletas trans têm vantagens em diversos aspectos, como estrutura corporal, força, impulsão, capacidade pulmonar e cardíaca”.
A fala do parlamentar foi enviada pela equipe do seu gabinete à imprensa, nesta terça. Hossri seguiu dizendo que "não à toa, homens biológicos esportistas que não brilhavam na sua modalidade, hoje são campeões e até batem recordes no feminino”. A frase do vereador é comumente usada para casos como o de Tifanny Abreu, atleta trans de vôlei.
Antes da transição, ela era atleta de equipes masculinas. Atualmente, compete pelo Osasco Vôlei e é um dos principais nomes do vôlei feminino no país.
Desde 2015, a participação de atletas transexuais é licenciada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Em 2021, o órgão atualizou as diretrizes para a inclusão de mulheres e homens trans no esporte.
Conforme o item 5.1 do documento, “nenhum atleta deve ser impedido de competir ou deve ser excluído da competição com base em uma vantagem competitiva injusta não verificada, alegada ou percebida devido a suas variações de sexo, aparência física e/ou status de transgênero”.
“Até que as evidências determinem o contrário, os atletas não devem ser considerados como tendo uma vantagem competitiva injusta ou desproporcional devido às suas variações de sexo”, segue o documento, no item 5.2.
O parlamentar, por sua vez, afirma que a inclusão, além de trazer desvantagem, pode causar a “destruição do esporte feminino”. “Em outros países, mulheres estão perdendo bolsas, patrocínios e contratos em razão disso. E se você contestar vira alvo de críticas e agressões verbais da comunidade LGBT. Por isso quero acabar com o mal pela raíz”, finalizou Hossri.
Atletismo
No mês passado, a World Athletics, organização que coordena o atletismo, proibiu atletas transgênero de competir em categorias femininas, em eventos internacionais.
De acordo com o presidente da instituição, Sebastian Coe, a medida vale para qualquer mulher trans que passou pela puberdade masculina. “Não estamos dizendo 'não' para sempre”, completou Coe.
Ele ainda reforçou que a medida partiu do princípio “de proteger a categoria feminina”. Justificativa semelhante à dada pelo vereador de Campinas.
Outro medida tomada pela World Athletics foi reduzir a quantidade de testosterona no sangue permitida para atletas com DSD (Diferenças no Desenvolvimento Sexual), de 5 nanomoles por litro para 2,5.