JOGADOR DE BASE

Como é a vida de um jogador de base? Conheça Gui Viana, goleiro da Ponte Preta

Por Henrick Borba | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 7 min
Divulgação/ Redes sociais
Gui Viana no aquecimento do jogo da Ponte contra o Náutico, no dia 20/07/2022
Gui Viana no aquecimento do jogo da Ponte contra o Náutico, no dia 20/07/2022

A pandemia fez com que a vida de diversas pessoas virasse de cabeça para baixo, seja bom ou ruim. Para muitos, a maior dificuldade foi ter que parar de fazer o que mais gostavam, neste caso, para os atletas, competir e treinar. Mas, para aquele atleta que já está consolidado no cenário, a pandemia foi mais uma pedra no sapato, agora para um jogador de base, foi um grande obstáculo.

Guilherme Viana, goleiro da base da Ponte Preta, foi um dos atletas que tiveram a grande sorte de passar pela pandemia sem problemas e continuar com o sonho de ser jogador de futebol. Tendo que passar por vários contratempos, além de uma pandemia e 7 meses sem jogar, o jovem de apenas 19 anos já passou por diversos times, trazendo consigo uma grande bagagem nas costas.

Gui é natural de Ribeirão Preto, mas já está há mais de 10 anos morando em Campinas, portanto sempre viu e sempre teve o sonho de defender a Ponte Preta. O começo sempre é muito difícil, pior ainda, é quando uma grande pandemia é o maior destes problemas. Em 2020, Gui estava no Linense, também do interior de São Paulo, quando teve o estopim da pandemia. A ação imediata do clube foi liberar quem gostaria de ser liberado, e Gui preferiu sair.

Sua carreira começou aos 5 anos de idade, jogando pela Escolinha do Corinthians, quando em 2018 teve a oportunidade de jogar profissionalmente pelo Jaguariúna FC, onde permaneceu até 2020. No ano de pandemia, Gui partiu para o Linense, também do interior de São Paulo. Quando bateu o estopim da pandemia, a ação imediata do clube foi liberar aqueles que gostariam de ser liberados, e Gui foi um desses.

Após a saída do Linense, o goleiro ficou 7 meses treinando em casa. Como o goleiro não queria parar de jogar, a sua escapatória foi retroceder um pouco. “Para não perder a forma física e o ritmo de jogo, fui jogando amador e várzea, aqui em Campinas, foi muito difícil no começo, de verdade”, conta Gui.

Felizmente, no final do ano de 2020, Gui recebeu uma proposta do Comercial de Tietê e voltou aos treinos, o problema desta vez era a escola. Estando no último ano de escola, Gui não poderia simplesmente largar a escola, portanto, teve que dar foco para um lado só. “Os horários não batiam, as aulas eram de manhã e o treino também, então eu treinava, chegava e almoçava, estava cansado mas precisava assistir às aulas por causa da presença. Mas, por conta da minha condição, eu conversei com o diretor e com os professores, que eu não poderia acompanhar tanto as aulas, mas eles entenderam super bem e deu tudo certo”, conta.

Em 2021, Gui saiu do Comercial e foi em direção ao XV de Piracicaba, pelo time profissional. Tendo uma ótima passagem pelo clube, com diversas defesas cruciais para as vitórias do time em campeonatos, como Paulistão A2, o goleiro chamou a atenção da Macaca, clube a qual seria o seu próximo destino.


Guilherme com os goleiros Caíque França, Ygor Vinhas e Luan e preparadores Lauro e Diego Xau, da Ponte Preta


Ponte Preta
Gui Viana conta que um dos ápices de sua carreira foi chegar à Ponte Preta e já no segundo dia no clube, um dos preparadores do time pediu a sua presença nos treinos. “O Lauro quis me conhecer, então eu pude ficar 3 semanas lá no profissional, para ter a convivência com os profissionais, como o Caíque França (ex-Corinthians), que eu admiro desde pequeno, o Vinhas e Luan, então são caras que me proporcionaram grandes coisas, aumentando minha admiração”, disse Gui.

Além disso, o goleiro ressalta o momento que está vivendo. “Está sendo minha melhor fase, melhor fase física, psicológica, com as oportunidades que venho tendo, tanto no profissional nos treinos, quanto nos jogos da base”, agradece Gui.

O goleiro não disputou nenhum jogo pelo profissional da Ponte Preta, em 2022, mas, um momento marcante de sua carreira até agora, foi ficar no banco de reservas, no jogo Ponte Preta x Náutico, onde pôde aquecer com os jogadores. “Foi uma experiência única poder estar com eles no aquecimento, na resenha antes do jogo, no vestiário, só de estar naquele ambiente é uma bagagem gigante pra gente, e caso o treinador precise da gente, estaremos prontos", relata Gui.

Rotina
De todos os times que Gui passou, a Ponte Preta é o maior deles, portanto, a cobrança e a dificuldade são bem maiores, principalmente se você quer jogar. “A rotina é muito puxada, nós estamos em pré temporada, então os treinamentos estão bem fortes para recuperar o físico e a capacidade dentro de campo. Agora são dois períodos de treino, por conta da Copa São Paulo (Copinha).”

Os treinos são feitos de segunda a sábado e, às vezes, aos domingos, com um total de 25 a 30 atletas. Os 25 atletas são aqueles que já estão no clube e os outros 5, geralmente, são para avaliação física e técnica. “Não tem nenhuma diferença no treino por ser goleiro, mas alguns treinos não tem o uso do goleiro, então a gente faz um treino à parte com os preparadores.”

Gui tem um bom relacionamento com os goleiros do profissional e isso se deve ao entrosamento que a Ponte Preta fornece entre os jogadores de base e profissional. “Nós, goleiros, temos bastante contato com os profissionais, os preparadores de goleiro integram bastante os goleiros da base, então fazemos bastante trabalhos juntos. E é muito bom pra gente, porque nós nos sentimos grandes igual a eles."

Nem tudo são flores, em contrapartida, a vaga de goleiro é uma das mais requisitadas devido ao fato de ter somente 1 no time e esse é um dos grandes desafios que Gui passa todos os dias. “A gente sabe que todos querem jogar, disputar espaço e goleiro só joga um, então, uma das decepções hoje é ficar fora de jogos importantes, até porque sendo o pior time ou o melhor time do campeonato, é o mesmo jogo e eu quero jogar.”

Gui pelo Comercial de Tietê


Alimentação
A dieta de Gui não sai muito do comum esperado para um jogador de futebol, contendo comidas naturais, como arroz, feijão, batata e frango. Apesar de todos os benefícios, o clube não disponibiliza nutricionista para os jogadores de base, portanto, é algo a ser feito por fora. “Minha nutricionista passa meu plano alimentar por mês, tenho minha dieta montadinha. Uma refeição livre no final de semana, e nos demais dias é uma dieta à risca."

Apesar da dieta, a quantidade de vezes que um atleta faz a refeição durante o dia é grande. Gui come, em média, 5 refeições por dia, mas todas seguindo uma quantidade correta, de acordo com o peso e o biotipo dele.

Vida social
Ser uma pessoa caseira é um dos dons de Gui. O goleiro não gosta de sair de casa nem de beber, embora tenha uma vida social muito ativa devido ao futebol e as amizades criadas dentro deste meio, mas ele não nega uma “resenha”. “Gosto de ficar em casa, com minha família, jogando vídeo-game, se for pra sair eu saio com meus amigos pra um churrasco ou aniversário, mas não pra festas e nem baladas.”

O goleiro, de 19 anos, namora desde os 14 anos e agradece muito à namorada. “Em novembro eu fiz cinco anos de namoro com a Clara, e com ela na minha vida só tem a agregar.”

Futuro
Durante o ano de 2022, Gui tirou o ano para focar 100% no futebol e na sua carreira profissional, portanto, não teve nenhum contato forte e duradouro com o estudo. Em 2023, ele pretende entrar em uma faculdade, para que possa ter outras opções no futuro e também para o desenvolvimento. “Eu e minha família achamos importante manter essas duas coisas alinhadas (futebol e estudo), até para o meu desenvolvimento mental e social. Então, estou muito animado para janeiro e as coisas que vão acontecer.”

A preparação para o futuro é sempre voltada para o foco, seja jogando futebol, estudando, trabalhando, jogando. “Acredito que duas palavras que me definem são foco e resiliência, tem que se manter concentrado e se preparar para qualquer batalha.

Gui pelo XV de Piracicaba
Gui pelo XV de Piracicaba

Comentários

1 Comentários

  • Rodrigo 31/12/2022
    Menino voa!!!! Só não esquece de quem te ensinou a jogar em kkkkkk