MORTE NA PREFEITURA

Polícia considera hipótese de rixa antiga entre GCM e secretário

Por Paulo Eduardo Dias | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Secom/Osasco
Secretário-adjunto da Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira, morto a tiros por guarda
Secretário-adjunto da Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira, morto a tiros por guarda

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o secretário-adjunto de Segurança e Controle Urbano de Osasco, Adilson Custódio Moreira, 53, e o guarda-civil municipal Henrique Marival de Sousa, 46, tivessem uma rixa antiga.

Moreira foi morto durante uma reunião da equipe de segurança do município, localizado na Grande São Paulo. Segundo o IML (Instituto Médico Legal), a maioria dos dez disparos que atingiram o secretário foi na cabeça. Ainda foram efetuados tiros no peito.

"A investigação prossegue para saber o estopim que motivou os disparos", disse o delegado José Luiz Nogueira, responsável pela comunicação da Delegacia Seccional de Osasco. "Não foi algo pontual, possivelmente", acrescentou.

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Além de uma desavença antiga, a investigação trabalha com a possibilidade de uma discussão naquele momento ou um surto por parte de Sousa.

Para saber a motivação, a investigação tem como base o depoimento de guardas-civis que trabalhavam com a vítima e o autor do homicídio. Nogueira não soube precisar quantos agentes já foram ouvidos. Ele confirmou que novas oitivas serão realizadas ao longo dos próximos dias.

Marival Sousa teve a prisão preventiva (sem prazo) decretada no final da manhã desta terça-feira (7). Por ser agente de segurança, ele será levado para o presídio de Tremembé, no interior do estado. Antes, o delegado havia dito que o guarda seria transferido para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Osasco.

O GCM se manteve em silêncio durante o interrogatório. Advogados de Sousa estiveram na delegacia em que ele está preso, mas preferiram não falar com a imprensa.

No momento dos disparos, o secretário estava desarmado. A arma de Moreira foi encontrada no sofá da residência dele durante uma busca realizada por guardas municipais.

Além da pistola usada no crime, os policiais encontraram uma arma de brinquedo com Sousa. Não há informações sobre onde ela estava ao ser apreendida.

Presente ao velório, o comandante da Guarda Civil de Osasco, Erivan Gomes, declarou que o atirador teria ficado irritado por uma mudança em sua escala, como adiantado pela Folha de S.Paulo. Ele deixaria funções administrativas na prefeitura, trabalhando 8 horas por dia de segunda a sexta, e trabalharia nas ruas numa escala 12 por 36. Ou seja, trabalharia 12 horas e não teria seus finais de semana de folga garantidos.

"Ele não gostou disso e teria se descontrolado", disse Gomes.

Ainda segundo o comandante da GCM, Marival de Sousa teria expectativa de trabalhar dentro da prefeitura por ter sido apoiador do prefeito de Osasco, Gerson Pessoa (Podemos) durante sua campanha.

A confusão, segundo relato do atirador à polícia, teria começado quando o secretário-adjunto se negou a negociar com ele e tentou levantar de sua mesa e deixar a sala onde estavam. Foi quando Sousa alvejou o secretário e trancou a porta para evitar socorro à vítima.

A reportagem ouviu de pessoas próximas ao guarda, que pediram para não serem identificadas, que já havia desavenças entre Sousa e Moreira. O secretário-adjunto teria ciúme pelo fato de o GCM falar diretamente com o prefeito da cidade. Ao ser avisado de uma mudança na função, o atirador teria confrontado Moreira sobre as razões da troca, o que teria resultado na discussão e tiros.

A negociação para que Sousa se rendesse durou mais de duas horas, porque a Polícia Militar já sabia que o secretário-adjunto de Osasco estava morto.

Parte da negociação entre Sousa e os policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foi gravada.

Em um trecho, os PMs aparecem com escudos em uma antessala. Uma outra imagem mostra o final das conversas. PMs e os advogados fizeram uma chamada de vídeo com Sousa para explicar os passos da rendição. Um dos negociadores pediu que o GCM levantasse as mãos e deixasse a sala em que estava trancado. O homem, então, abriu a porta e saiu com as mãos erguidas.

O delegado afirmou que Sousa não esboçou reação e se manteve tranquilo na carceragem da delegacia para onde foi levado.

O corpo de Adilson Custódio Moreira foi velado na prefeitura do município nesta terça-feira. A cerimônia que começou pela manhã contou com a presença de colegas e familiares, que não quiseram falar com a imprensa. Um cavalo de Moreira, funcionário de carreira da Guarda-Civil, foi levado para a despedida.

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