OPINIÃO

É preciso evitar o imposto inflacionário

Por Reinaldo Cafeo |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

É importe garantir crescimento econômico, gerando emprego e renda, afinal, esse é a pré-condição para todos os agentes econômicos prosperem. Não obstante isso ser verdadeiro, não há sombras de dúvidas que a estabilidade de preços é o objetivo a ser perseguido incansavelmente.

A inflação persistente gera o que podemos denominar de imposto inflacionário. Em uma linguagem mais simples, o imposto inflacionário retira poder aquisitivo da população. Os preços subindo e de maneira constante levam as famílias a gastar mais para comprar a mesma quantidade de bens e serviços. Isso pode levar até a mesmo a diminuição do consumo caso a renda não seja reposta.

E não há dúvida que a inflação penaliza os mais pobres. Sem excedentes financeiros e sem mecanismos de proteção do valor do dinheiro ao longo do tempo, a camada mais pobre da polpação precariza seu consumo, resultando em perda de qualidade de vida.

Como o Brasil passa por um momento de pressão inflacionária, em parte gerada pela incapacidade de o governo federal em gastar dentro do limite do que arrecada, em outra parte gerada pela alta do dólar devido as incertezas do mercado, e ainda pelos problemas sazonais que afetam a oferta dos produtos, não há dúvidas que a prioridade zero é garantir que os preços fiquem estáveis.

Neste contexto o executivo federal tem que sair do discurso e ir para prática. O recente pacote fiscal, elaborado pelo governo federal e aprovado no Congresso Nacional, é limitado e não atende as expectativas dos agentes econômicos. isso somado a sinalização futura de gastos mais excessivos, posto que serão os últimos dois anos do atual governo, o qual buscará a reeleição, o que se espera é um quadro econômico nada animador.

Se isso não bastasse teremos um Banco Central sob nova direção. Os membros de sua diretoria são agora os indicados pelo atual governo, o qual não cansou de criticar as decisões do colegiado indicado pelo ex-presidente Bolsonaro. Será que efetivamente haverá autonomia e independência do Banco Central na gestão de Gabriel Galípolo?

De fato, há mais dúvidas que certezas no tocante a busca do equilíbrio macroeconômico, e para engrossar o caldo, o judiciário passou a decidir sobre questões que afetam diretamente as emendas parlamentares, moeda preferida pela classe política para aprovar projetos de interesse da situação. Tempestade perfeita quando o ambiente econômico já é tumultuado.

O país pode discutir tudo e até estabelecer um novo modelo econômico, mas jamais, reforço, jamais, poderá deixar de combater as causas da inflação, evitando com isso a geração do imposto inflacionário, prejudicando as famílias mais pobres do Brasil.

Não há projeto de poder que possa se sobrepor ao combate inflacionário.

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