O delegado Cledson do Nascimento, titular da 3.ª Delegacia de Homicídios (3.ª DH) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, afirmou, nesta sexta-feira (20), que o resultado inconclusivo da análise dos cinco fragmentos de ossos encontrados no local onde o corpo da ex-secretária executiva da Apae Claudia Lobo teria sido queimado já era previsível. Ele solicitou à Justiça a inclusão do laudo do Núcleo de Biologia e Bioquímica do Instituto de Criminalística (IC) ao processo criminal do homicídio, juntamente com um áudio onde o ex-presidente da entidade Roberto Franceschetti Filho, que está preso suspeito do crime, e Dilomar Batista, ex-funcionário do almoxarifado, falam sobre "orçamentos", supostamente, de acordo com a polícia, se referindo à ocultação dos restos mortais da vítima.
Conforme divulgado com exclusividade pelo JC nesta quinta (19), o resultado das análises foi inconclusivo porque os fragmentos de ossos carbonizados não apresentaram DNA em concentração mínima para que fosse feito o confronto genético com amostras de referência.
"Essa conclusão técnica era previsível diante da exiguidade de amostras dos fragmentos de ossos carbonizados recolhidos tanto no buraco aberto para incineração dos materiais da Apae que eram levados por Dilomar (local em que o cadáver foi queimado) como no perímetro próximo, onde ele retornou a pedido de Roberto Franceschetti para se desfazer do que restou após a incineração", declara Cledson.
"Esse retorno no local foi comprovado não apenas pela própria confissão de Dilomar, como também pela análise de movimentação do seu telefone celular, nas conversas de aplicativo WhatsApp mantidas entre os dois réus e, mais recentemente, pelo recebimento do relatório de extração de conversas gravadas no ramal do gabinete da presidência, onde em ligação telefônica para Dilomar, em conversa cifrada, Roberto fala sobre a retirada dos ossos do local pelo funcionário da Apae", reforça.
Essa transcrição dos áudios, de acordo com o delegado, foi inicialmente feita pelo Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) durante a apuração de desvios na entidade e compartilhada com o DH por ter relação direta com a investigação do homicídio de Claudia.
Na ligação, Roberto cobra de Dilomar uma garantia de que os "orçamentos" foram embora, dizendo que isso "é muito importante". Ele orienta o funcionário a ficar no local por dois dias se preciso para "tampar os buracos" do telhado em razão da possibilidade de chuva. Cledson ressalta, ainda, que outro laudo já havia confirmado, através do confronto genético de material cedido pela filha de Claudia e de amostras de pertences pessoais da vítima que o sangue encontrado no banco da Spin onde a secretária foi vista pela última vez antes do seu desaparecimento e empoçado no carpete pertencia a ela.
"São peças de um quebra-cabeça que se encaixam. Eu tenho uma pessoa entrando com vida no carro, o sangue dela no veículo e ela nunca mais é vista e um corréu que confessa que tirou o corpo de dentro do carro e jogou em um buraco onde esse corpo permaneceu queimando por três dias", salienta. "A comprovação científica já veio com o sangue no carro, em quantidade suficiente para se afirmar que a pessoa morreu ali dentro".