Neste segundo domingo do Advento a Igreja celebra a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. A oração inicial da santa Missa resume esse mistério de fé: "Ó Deus, pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preparastes para o vosso Filho uma digna habitação e a preservastes de toda mancha de pecado em previsão da morte salvadora de Cristo; concedei-nos chegar até vós purificados também de toda culpa por sua materna intercessão. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém". O Evangelho lido na santa Missa desta festa, Lc 1,26-38, conta-nos a Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria. Ouvimos a sua belíssima saudação: "Alegra-te, Maria, cheia de graça, porque o Senhor está contigo... Eis que conceberás e darás à luz um filho, e o chamarás com o nome de Jesus". Foram principalmente os franciscanos os defensores e divulgadores da fé e devoção à Imaculada Conceição. Por exemplo, o bem-aventurado Frei João Duns Scotus (1265-1308), cognominado o teólogo "subtilis" (sutil), foi quem com extrema agudeza de inteligência expôs a doutrina baseada na Sagrada Escritura e Tradição da Igreja que venceu de vez as poucas resistências ainda subsistentes entre alguns teólogos opositores ao dogma: "Cristo não seria o mais perfeito Redentor se não tivesse merecido que Maria fosse preservada do pecado original". Portanto, como se vê, a Imaculada Conceição decorre da primazia de Cristo. O beato arrematou a sua tese com estes três verbos latinos: Deus potuit, voluit, fecit = Deus podia, quis e fez o milagre, preservando Maria de todo pecado em sua alma. O primeiro santo brasileiro, São Frei Antônio de Santana Galvão, foi o grande devoto e divulgador da Imaculada Conceição, no Brasil. São célebres as suas pílulas que trazem a invocação à Imaculada para a cura dos males do corpo e da alma. No Mosteiro da Luz, em São Paulo, o santo consagrou-se como "escravo da Imaculada", assinando um papel que selou com gotas de sangue retiradas do corte que fez em seu próprio corpo. O dogma da Imaculada foi proclamado pelo santo Padre o Papa Pio IX, em 1854, e sua devoção se espalhou pelo mundo inteiro. Foi uma imagem da Imaculada que pescadores encontraram no Rio Paraíba em torno da qual se desenvolveu a devoção daquela que, hoje, é a Imaculada Conceição de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
Neste segundo domingo do Advento acende-se na Igreja outra vela da coroa do Advento, simbolizando a paz. A Liturgia do Advento, preparando-nos para o Natal nos anima a esperar o Senhor que vem nos trazer o dom da paz. Os anjos apareceram no céu estrelado dos arredores de Belém, dizendo com cânticos aos pastores: "Anunciamos uma grande alegria, hoje nasceu para vós o Salvador, para os céus glória a Deus e para o mundo paz aos homens e mulheres de boa vontade". No ambiente penitencial da Liturgia do Advento é para vestirmos as vestes penitenciais da conversão de vida, do arrependimento pelos pecados, do empenho na oração mais intensa e devota, na prática do bem e no testemunho da fé, esperança e caridade. Quanto maior a festa melhor deve ser a sua preparação. Preparemo-nos para o santo Natal do Senhor com esperança e alegria, mas com mais oração, coração contrito, mãos cheias de boas obras e pés firmes na estrada da vida, testemunhando alegremente a nossa vida cristã que abraçamos desde o nosso Batismo, a confirmamos na Crisma e a alimentamos na Eucaristia. Deus seja louvado!
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