OPINIÃO

Amor humano e divino


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A primeira vez que meu coração bateu forte por Jesus, estava com cinco anos. Acabáramos de mudar para Jundiaí e me encontrei com Ele diante de sua imagem na Catedral NSD, na época Matriz. Havia nele algo inexprimível que me marcou. Por certo era um chamado que, desde aquela época, se revela em situações diversas.

Profunda reflexão a Carta Encíclica DILEXIT NOS (ELE NOS AMOU) do Santo Padre Papa Francisco. Diz sobre o amor do coração de Jesus e analisa o coração do ser humano, dentro de uma sociedade líquida, como a atual, que produz o individualismo doentio. 

O Coração de Jesus, na imagem de seu altar na Catedral NSD, me encantou aos seis anos, quando nos mudamos para Jundiaí. Havia nele algo inexprimível que me marcou. Por certo era um chamado que, a cada dia, são evidenciados.

Diz o Papa que, ao não se dar o devido valor ao coração, desvaloriza-se também o que significa falar a partir do coração, agir com o coração, amadurecer e curar o coração.

Comenta Francisco: “Na era da inteligência artificial, não podemos esquecer que a poesia e o amor são necessários para salvar o humano. O Senhor salva-nos falando ao nosso coração, a partir de seu Sagrado Coração”. No oposto, o avanço da secularização visa um mundo livre de Deus.

Cita como três as dimensões do coração do Cristo: amor divino infinito, símbolo da enérgica caridade e símbolo de seu amor sensível.  

O amor divino infinito. O amor de Cristo está fora da engrenagem perversa em que tudo se compra e se paga, que o próprio sentido da dignidade depende das coisas que se podem obter com o poder do dinheiro. O jeito como nos ama, Jesus mostra com seus gestos, como trata cada um de nós e podemos reconhecê-lo no Evangelho, a maneira como age, com compaixão e ternura. “Emanuel”. Deus conosco, Deus próximo à nossa vida, vivendo entre nós. A palavra de amor mais eloquente é o Cristo pregado na cruz.

O símbolo da enérgica caridade. Reconhece a dignidade dos considerados indignos. Chama ao compromisso comunitário e missionário. Não se assusta com os nossos pecados, pois ele sentou com os pecadores. Está atento às pessoas, às suas preocupações, ao seu sofrimento. Ele nos envia a fazer o bem, a partir de nosso interior. No meio do desastre deixado pelo mal, o Coração de Cristo quer precisar de nossa colaboração para reconstruir a bondade e a beleza. O nosso coração – onde muitas vezes pode reinar o ódio, a indiferença e o egoísmo -, unido ao dEle, é capaz de construir neste mundo o Reino de amor e justiça. E o Papa cita o filósofo alemão Heidegger (1889-1976) que, para receber o divino, é preciso construir uma “casa de hóspedes”.

O símbolo de seu amor sensível. O Senhor salva-nos, falando ao nosso coração, a partir de seu Sagrado Coração. Saber que Cristo morreu por nós não permanece somente conhecimento, mas torna-se necessariamente afeto, amor. O lado aberto de Cristo é um lugar de um encontro amoroso. Quem entra pela ferida de Seu Coração é abrasado em chamas de afeto. A chaga permanece aberta.
Como escreve o Papa Francisco, o que agrada o coração de Jesus é uma experiência religiosa íntima com consequências fraternas e sociais. É a transformação de um coração egoísta em um coração à semelhança do coração dEle.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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