Com o definhamento de votos do PT e da esquerda no Brasil e a derrota da Kamala Harris para Donald Trump nos Estados Unidos, crescem as críticas até de setores progressistas contra a política do identitarismo.
O identitarismo refere-se às posições políticas baseadas nos interesses e nas perspectivas de grupos sociais com que cidadãos se identificam. Exs: mulheres, negros, LGBT e outros. Os que questionam citam a derrota da Kamala Harris e apontam que ela priorizou o identitarismo e o aborto, mas que a vitória do Donald Trump nos Estados pêndulos, principalmente na Pensilvânia, teve maciços votos de latinos, negros e mulheres. Também questionam o fato de a maioria do eleitorado ser feminino no Brasil e as mulheres terem baixa representatividade eleitoral nos parlamentos. O que ocorrem também com os negros e pardos que também são maioria, entretanto são sub-representados.
Não descartam a discriminação e o preconceito estrutural no País. Entretanto, fazem questão de frisar que mulheres, negros e gays não são impedidos de votarem nos seus. E perguntam: por que a maioria deles não faz isto? Por que partidos de esquerda têm que assumir uma política identitária de grupos sociais que praticam a autofagia entre eles próprios? Embora deixem claro que não se pode generalizar.
E tal debate me fez lembrar uma parte da música 'Jesus Chorou', do Racionais MC's, onde a mãe do Mano Brown fala: "Paulo, acorda, pensa no futuro que isso é ilusão. Os próprios pretos não tá nem aí com isso não". Na continuidade da música, embora Mano Brown citaeque amor pela mãe não cabia em Saturno, a resposta foi dura!
Os críticos do identitarismo em nenhum momento afirmam que os partidos de esquerda e progressistas devem abandonar a luta contra o machismo, racismo e a homofobia. Mas entendem que não devem ser a bandeira principal destes partidos que devem priorizar o debate social e econômico. São enfáticos em dizer que a luta tem que partir primeiramente dos oprimidos e com amplo apoio da sociedade. E enxergam como positiva a iniciativa das novelas da Globo que estão dando amplo espaço para negros e gays.
Mas alertam que as minorias, principalmente na questão do gênero, não podem querer impor sua vontade e comportamento para a maioria. Relembram que as urnas nestas eleições municipais mostraram uma sociedade de centro e conservadora. Só que concordam que qualquer discriminação contra as minorias tem que ser punido com os rigores da Lei.
Inclusive dentro de partidos de esquerda e progressistas este debate se aflora e já se tornou público e polêmico.
PS - O Renato Purini, no pouco tempo que ficou no DAE, fez uma boa gestão. Eu que moro na Bela Vista sei disto. Se juridicamente tiver a chance de voltar; nada mais justo e merecido!