"Quando chove dá vontade de colocar as coisas na sacola e sumir". É assim que Silvia Aparecida Leal, 49 anos, define a sensação de morar em frente a uma cratera que está se expandindo com as chuvas no Parque Jaraguá, em Bauru. A erosão fica na Rua C, a algumas quadras da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (Bauru-Marília).
Silvia mora no local há pouco mais de dois meses. Neste período, ela assistiu ao buraco aumentar até chegar quase à porta de sua casa. E teme perder a residência. "Eu não quero sair daqui. Minha casa me custou muitas lágrimas para acabar desse jeito", conta.
Silvia relata que o problema se agravou após intervenções nas ruas feitas por uma empresa contratada pela Prefeitura de Bauru para asfaltar o local.
A pavimentação, aliás, é um problema que afeta ruas nas adjacências. Por conta das chuvas, as vias de terra tiveram uma piora severa. O local onde a cratera se formou é justamente para onde escoam as águas da precipitação, que vem das partes mais altas do bairro.
Jéssica Fernanda Leal é filha de Silvia, mas mora naquela via há cerca de 10 anos. Já apareceram, contou ela ao JC, outros buracos no local, mas nunca daquele tamanho.
Ao lado de sua casa há uma outra cratera, também provocada pelo escoamento da água da chuva. "A enxurrada quase entra dentro da minha casa. Se a chuva continuar aumentando o buraco, posso perder um muro", diz.
O JC questionou a Secretaria de Obras a respeito do risco de desabamento das casas. A pasta informou que a empresa responsável por executar as obras no Parque Jaraguá fará a recomposição da erosão e demais vias afetadas pelas chuvas.
Além disso, ressaltou o governo, a contratada vai implantar rede de drenagem, guias, sarjetas, calçadas e pavimentação. A secretaria está fiscalizando os serviços, afirmou em nota.
A reportagem esteve no local e conversou com os funcionários que trabalham no aterramento. Eles informaram que não existe risco de a erosão "engolir" as casas nos arredores. Os moradores se preocupam com o uso da terra para recompor o buraco. Para eles, o material é facilmente levado pela água das chuvas.
Chuvas
Sônia Gonçalves, 42 anos, mora um pouco acima do ponto onde o buraco se formou. Em frente à sua casa está uma das ruas degradadas pelas chuvas. Vídeos gravados por ela mostram um "rio" que se forma com as águas da chuva.
Antes, contou Sônia à reportagem, a rua era apenas um beco com bastante mato. A empresa interveio no local para expandir a via. Para ela, no entanto, ficou pior. Uma cratera se formou no local durante as chuvas da semana passada. Houve aterramento, mas a situação ainda incomoda a moradora. "É um perigo para as crianças, que tem que passar pelo local e que às vezes querem brincar no buraco", diz.