BEM-ESTAR & CIA.

Mudras: gestos para boas energias

Por Janaína Figueiredo |
| Tempo de leitura: 5 min
Ana Branco/Agencia O Globo
Mudras são gestos que se fazem com as mãos enquanto meditamos ou no ioga e trazem bem-estar; na foto, a professora de Ioga Maria Araujo, no Aterro do Flamengo
Mudras são gestos que se fazem com as mãos enquanto meditamos ou no ioga e trazem bem-estar; na foto, a professora de Ioga Maria Araujo, no Aterro do Flamengo

Quando a professora de ioga Maria Araújo gravou no quintal de seu apartamento no Rio um vídeo sobre os chamados mudras, gestos feitos com as mãos durante uma meditação ou em qualquer lugar ou momento do dia, para seus alunos, jamais imaginou que despertaria a curiosidade de mais de 2 milhões de pessoas que visualizaram o material em suas redes sociais.

Para surpresa de Maria, que já sofreu síndrome do pânico e encontrou um caminho de cura através do ioga, sua conta no Instagram recebeu mensagens até mesmo de pessoas no exterior interessadas em saber mais sobre mudras e, também, em compartilhar suas próprias experiências com a prática.

Em poucos dias, a professora de ioga ganhou mais de 55 mil novos seguidores no Instagram, e decidiu publicar um e-book sobre o assunto.

"Minha experiência com os mudras é muito positiva, tenho inúmeros relatos de alunos que praticam durante a meditação, ou em qualquer momento, e conseguem bons resultados", diz Maria, que costuma usar mudras em suas aulas de ioga.

No e-book que publicou recentemente, ela explica que "mudras são gestos que nos permitem sintonizar com frequências específicas de energia do universo.

Segundo ioga e ayurveda, a saúde plena é o resultado dessa sintonia em que o ser individual, o microcosmo, sincroniza-se com o universo, o macrocosmo.

Essa sincronia é a base do equilíbrio e da cura. Assim, os mudras são ferramentas poderosas para otimizar a saúde".

Benefícios principais

É possível melhorar casos de insônia, ansiedade, depressão, pressão alta, dor de cabeça ou até mesmo zumbidos estranhos no ouvido apenas fazendo gestos com as mãos?

Segundo explicam Maria e os também professores de ioga Lilian Aboim e Vanderley Wessler, não apenas é possível, mas é altamente recomendável.

Lilian é autora do livro "Mudras para a cura e transformação", lançado em 2015 nos Estados Unidos e no ano passado no Brasil.

"Os mudras têm efeitos na circulação de energia no nosso corpo, da energia que nutre o equilíbrio de nossos órgãos. Eles atuam no nível emocional e mental", afirma Lilian, que em seu livro fala sobre mais de 100 mudras.

Cada gesto com as mãos, diz Maria, "evoca qualidades que elevam o estado de ânimo, o espírito. A alegria é inerente em nós, mas nos desconectamos dela pela vida corrida".

"O estresse crônico interfere nos nossos sistemas, nas emoções e na qualidade dos pensamentos", frisa a professora.

Ela tem uma maneira muito especial de se referir aos mudras: "É como um botão de flor que desabrocha de forma particular em cada pessoa".

Os diversos gestos com as mãos que servem para tratar diferentes tipos de problemas podem ser feitos durante uma aula de ioga, uma meditação, ou simplesmente caminhando na rua, andando de ônibus, metrô ou, basicamente, em qualquer lugar.

A questão não é fazer o gesto e sim, afirma Wessler, "estar no momento presente, se observando e se reconhecendo". "É uma ferramenta que livra as pessoas das torturas da vida. Os mudras trazem paz de espirito, mas é preciso entender que essa paz não está do lado de fora, está sempre dentro de nós",  diz o professor, que busca em seus alunos "uma mudança de atitude, que as pessoas se relacionem mais com elas mesmas".

Fluxo e consciência

Os mudras ajudam a criar um fluxo de energia que desbloqueia áreas do corpo e, assim, acrescenta Wessler, estados de ansiedade, pânico, medo e raiva, entre outros, são aliviados.

A prática dos mudras exige consciência, destaca Maria. O ideal é de cinco a 15 minutos diários. Alguns de seus alunos já mediram suas pressões arteriais antes e depois de uma meditação usando o mudra específico para pressão alta e o resultado, conta ela, "é impressionante".

"Os mudras que chamo de campeões, porque são sobre os que mais recebo consultas, são os do coração e ansiedade. Não tem comprovação científica, mas é como o ioga, existe há mais de 5 mil anos", aponta Maria, que superou ataques de pânico com ioga, mudras e meditação.

"No começo, eu fazia muito no metrô porque tinha pânico. Muitas vezes descia numa estação para respirar, porque passava muito mal. Com a respiração e os mudras eu ia me acalmando", conta a professora, que acaba de retornar de uma viagem pela Índia, onde os mudras, comentou, estão por todos os lados. "Vi mudras até mesmo em propagandas de carros", brincou.

Em seu e-book, Maria explica que emoções estão associadas a cada um dos dedos: "o polegar regula as preocupações; o indicador diminui o medo; o dedo médio faz a raiva esmorecer; o anelar consola a tristeza; e o dedo mínimo faz diminuir o excesso de preocupação".

"Os mudras, como toda prática natural, não substituem medicamentos. Mas, usados com frequência e consciência, podem ser uma grande ajuda na busca do bem-estar", conclui a professora.

5 elementos

Os mudras também estão relacionados aos cinco elementos que, segundo a medicina ancestral indiana, a ayurveda, estão presentes na natureza e no corpo humano: fogo, ar, éter, terra e água.

"As mãos constituem um espelho do corpo e da mente. A posição dos dedos em cada mudra cria uma combinação energética única entre esses elementos.

Dessa forma, cada dedo representa um elemento. O dedo mínimo representa a água, o anular à terra, o dedo médio o espaço, o indicador o ar e o polegar o fogo.

As combinações dos dedos, assim como a posição deles (esticado, flexionado, etc.), permitem uma grande variedade de opções de conexão com as energias primordiais do universo", explica o texto publicado por Maria.

Gestos

Shakti: Combate a insônia

Chinmaya: Ajuda a diminuir a ansiedade

Apana: Evita constipação

Anjali: Reverência, saudação

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