BAURU

Comdema vê problemas na coleta seletiva e discutirá tema na sexta

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Guilherme Matos
À frente, o atual presidente do Comdema Ricardo Crepaldi; atrás, Otaviano Alves Pereira, secretário do conselho
À frente, o atual presidente do Comdema Ricardo Crepaldi; atrás, Otaviano Alves Pereira, secretário do conselho

O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) defende um pente-fino no contrato da coleta seletiva em Bauru, serviço realizado pela Associação de Catadores de Recicláveis (Ascam) desde o segundo semestre deste ano. A avaliação é de que o serviço não está funcionando a contento.

O tema será objeto de discussão no colegiado em reunião nesta sexta-feira (25). O encontro foi convocado pelo presidente do colegiado, Ricardo Crepaldi, que reassumiu a cadeira após um período de licença para disputar as eleições municipais - ele acabou renunciando à candidatura posteriormente.

"Levaremos à pauta o arquivamento de uma investigação aberta pelo Ministério Público a pedido do Condema que apurou o problema na coleta seletiva. O argumento para encerrar o procedimento é de que a Emdurb já deixou de realizar o serviço, mas o problema vai além disso", afirma Crepaldi ao JC.

Segundo ele, integrantes do conselho têm recebido inúmeras mensagens de munícipes se queixando da falta de coleta de material reciclável. "Estamos no período inicial de contrato, é verdade, mas o Comdema olha para a cidade", diz o presidente.

Crepaldi admite que o setor de recicláveis enfrenta uma crise a nível nacional. Diz, porém, que isso não se aplica integralmente a Bauru - a prefeitura, afinal, paga a Ascam pelo serviço que inclui não só a coleta seletiva nas ruas como também a gestão dos Ecopontos da cidade.

Há queixas, por exemplo, sobre o recolhimento de materiais como papelão ou vidro - cujo valor caiu muito no mercado de recicláveis -, que inevitavelmente são deixados para trás por coletores, que priorizam latas de alumínio.

"Isso cria problemas porque, se o material não é recolhido e enviado à reciclagem, vai ser coletado pela Emdurb e encaminhado ao aterro sanitário. Aumenta o custo da prefeitura, já que a gente paga por tonelada aterrada, e é também uma destinação incorreta do material", comenta Crepaldi.

"Outra coisa é a quantidade. Você não consegue vender pouco papelão, pouco vidro. Mas em grandes quantidades isso é possível - até porque há empresas que precisam comprovar a retirada desses materiais do meio ambiente, a chamada logística reversa", acrescenta.

Discussão

O encontro desta sexta que vai discutir o problema na coleta seletiva celebrará também os 40 anos de existência do Comdema. O conselho foi criado na primeira gestão Tuga Angerami, em 1984, e foi pioneiro em toda a região. O colegiado, aliás, é o segundo mais antigo do Estado de São Paulo e o terceiro de todo o País.

Apesar do pioneirismo, o conselho não tem hoje a mesma força do que antes - impasse que Crepaldi trata como um problema de gestão. "Existem governos que são mais abertos aos diálogos com os conselhos. Outros, como é o caso deste, não", alfinetou.

O presidente do Comdema diz também que o conselho tem bom trânsito, por outro lado, no âmbito da Câmara. Mas que isso não basta a determinadas coisas - para pensar um projeto de cidade, por exemplo, o colegiado precisa de outros fatores como o Plano Diretor ou a Lei de Zoneamento.

"Tudo isso importa para um projeto de cidade. Se você não tem um crescimento sustentável, algo a ser previsto em matéria de Plano Diretor ou Zoneamento, você limita o próprio desenvolvimento da cidade", afirma.

Isso significa também se preparar para 2050, quando o Estado de São Paulo já não vai mais licenciar aterros sanitários por força de uma lei estadual. "Esse prazo está logo aí. Como vamos lidar com isso?", indaga.

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