Segundo pesquisas do dr. Aziz Ab'Sáber e do dr. Osmar Cavassan (bauruense), especialista em Cerrado, Bauru foi deserto, o que é confirmado pelo seu solo arenoso e, claro, logo abaixo de uma camada superficial, formada na última era, quando vegetação e água ganharam vigor por aqui.
Pude acompanhar com o prof. Osmar uma visita a um Mandacaru Gigante no Parque Ecológico, que é também testemunho biológico como espécime de deserto. Só este fato geográfico deveria impor aos gestores e a toda sociedade um cuidado em ouvir e buscar diminuir os impactos que possam nos levar de novo a uma situação desértica.
Mas não é o que temos visto desde 2009. Os planos diretores de 1996 e de 2008 tiveram em grande medida estas preocupações em proteger áreas de florestas, não deixarem expandir a cidade sobre áreas de mananciais urbanos, especialmente nas nascentes do Rio Bauru, uma preocupação com definições de áreas de parques urbanos e florestas urbanas. Também do Rio Batalha.
Mais que isso, no Plano Diretor de 2008 fixou-se a possibilidade de regulamentação avançada de instrumentos de incentivos urbanísticos para a proteção não onerosa de florestas urbanas.
Pena que artigos como o 67 foram omitidos pelos prefeitos e não discutidas pelos vereadores. Por mais que especialistas, como este, tenham cobrado publicamente este compromisso.
Ao contrário, o que se viu após 2009 foi uma destruição irregular dos planos anteriores, ao sabor da falta de ciência e de uma especulação burra, já que há outras formas de ganhos urbanísticos.
Para derrubar uma floresta aqui, ou mesmo uma árvore, toda pessoa deveria perguntar quantos milhares de anos foi necessário para que elas fossem possíveis de existirem e se perpetuarem.
Da mesma forma que cada córrego urbano para existir foi necessário um conjunto de elementos como o próprio cerrado ser formado e dado condições de haver e influenciar ter chuvas, camadas detentoras de água, formação de lençol freático e de nascentes.
Bauru cresceu ocupando uma área urbana justamente nas nascentes do Rio Bauru. Sua urbanização não é qualquer coisa, é um fato especialíssimo de impacto humano sobre uma bacia, sobre um tipo de solo e sobre uma vegetação que o protegia.
Buscar formas de planejar e rever métodos de ocupação do solo e como impedir a continuidade de redesertificação, nesse tempo de emergência climática, é dever dos técnicos, mas obrigação de prefeitos e vereadores.