A Polícia Civil de Bauru, por meio da 3.ª Delegacia de Homicídios (3.ª DH) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), concluiu oficialmente as investigações criminais do caso Claudia Lobo e indiciou o ex-presidente da Apae Bauru Roberto Franceschetti Filho como responsável pelo homicídio da secretária-executiva da entidade.
Titular do inquérito policial, o delegado Cledson Luiz do Nascimento também pediu a prisão preventiva dele, uma vez que o prazo da temporária chegará ao fim neste domingo (13).
O relatório final tem 32 páginas e foi encaminhado ao Ministério Público (MP), a quem cabe agora analisar o documento e denunciar Franceschetti caso entenda haver indícios de autoria e prova material.
Em caso de denúncia, restará à Justiça proferir sua decisão. A expectativa é de que uma definição sobre o pedido de preventiva saia até esta sexta-feira (11).
Preso desde 15 de agosto, Franceschetti foi indiciado por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, por traição (uma vez que ele criou uma história para atraí-la e depois tirar a vida dela), e por tentar ocultar outro crime (os desvios na entidade), explica o delegado.
Segundo Cledson, embora o aspecto financeiro esteja sob sigilo e sob apuração do titular do Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold), Gláucio Eduardo Stocco, já existem elementos neste sentido.
Para o titular das investigações do caso Claudia, não atrapalhou nas investigações a ausência, até o momento, dos resultados de DNA sobre os fragmentos de ossos encontrados no local onde o corpo da secretária teria sido ocultado.
"Seria uma cereja no bolo, porque a gente tem elementos objetivos e científicos quem vêm ao encontro dos depoimentos de testemunhas", informa.
Ele cita o fato de Claudia Lobo, 55 anos, ter entrado com vida no carro, de terem encontrado uma quantidade razoável de sangue comprovadamente dela, além de testemunho dizendo que, logo na sequência, foi orientado a dar fim ao corpo.
Sem contar, afirmou, o direcionamento do veículo conduzido por Franceschetti, apontado pelo rastreio de celular no local e horário em que o homicídio teria acontecido.
"Isso é uma construção lógica. Não é pelo fato de não ter o corpo que você não comprova o crime de homicídio. Até porque isso foi uma estratégia do autor de eliminar todos os vestígios que pudessem comprovar uma morte", pontua.
Roberto é inocente e colabora com investigação, diz defesa
Em nota encaminhada à imprensa no final da tarde desta quinta-feira (10), os advogados Vanessa Mangile, Leandro Pistelli e Lucas Martins, que defendem o ex-presidente, reafirmaram a inocência de Roberto no caso e garantiram que Franceschetti "tem colaborado integralmente com as investigações, visando o esclarecimento dos fatos".
Na nota, a defesa diz também que "qualquer acusação deve ser fundamentada em provas robustas e irrefutáveis" e ressalta o princípio constitucional da presunção de inocência - de que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
"Os novos elementos alegados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), incluindo a suposta premeditação do crime e a utilização de um segundo veículo, carecem de comprovação concreta e não foram submetidos ao devido contraditório, conforme determina o princípio constitucional do devido processo legal", afirmam os advogados.
"Cabe à acusação o ônus de provar a veracidade dessas alegações, e à defesa o direito de apresentar todas as provas e elementos que atestem a inocência de Roberto", complementa.
A defesa ainda diz que "confia na Justiça e acredita que, ao final do devido processo legal, restará comprovada a ausência de envolvimento de Roberto Franceschetti com os fatos que lhe são imputados".
"Reafirmamos nosso compromisso com a verdade e com o respeito às garantias fundamentais do acusado, e acreditamos que a análise técnica das provas, que ainda estão sendo finalizadas, será determinante para demonstrar a inconsistência das acusações", pontua.
"Roberto Franceschetti é um cidadão de reconhecida atuação em prol da comunidade e que merece o direito de ser julgado de forma justa e imparcial, conforme estabelece o sistema jurídico brasileiro. Por fim, pedimos à imprensa e à sociedade que aguardem a conclusão das investigações com serenidade e respeito aos direitos e garantias de todos os envolvidos", finaliza.