ESTIAGEM PROLONGADA

Principal nascente do Rio Batalha seca

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Viva Batalha
Localizada na Serra da Jacutinga, em Agudos, foto impressionante mostra diferença da mesma nascente em apenas três anos
Localizada na Serra da Jacutinga, em Agudos, foto impressionante mostra diferença da mesma nascente em apenas três anos

Localizada na Serra da Jacutinga, em Agudos, a nascente do Rio Batalha já não jorra mais água. O prolongado período de estiagem, somado às mudanças climáticas e à falta de chuva - que deve perdurar ainda nas próximas semanas -, é o principal causador do problema e da manutenção dele.

Coordenador do projeto "Sacre", que há dois anos pesquisa o sistema hídrico de Bauru, o hidrogeólogo Ricardo Hirata, professor titular da USP, afirma que isso indica um novo cenário para o Batalha - mas não necessariamente o fim do rio e de sua bacia hidrográfica.

Segundo ele, houve uma movimentação no aquífero que impede a água de ser expelida no local da Jacutinga. Mas outros afluentes, além do próprio aquífero em outras regiões por onde o Batalha passa, complementam o leito do rio e fazem dele o que é hoje.

Em termos práticos, a água pode voltar a surgir naquele local quando do retorno das chuvas ou em algum outro ponto próximo - resta saber se na mesma quantidade e pressão, no entanto.

"Ocorre que o Batalha e o aquífero Guarani estão estressados, sobrecarregados. A água não volta para eles na mesma proporção com que é retirada", explicou Hirata ao JC.

Presidente do Departamento de Água e Esgoto, Renato Purini (MDB) confirmou a constatação sobre a nascente ao JC e disse que a situação, sem meias palavras, é de fato preocupante. "A limpeza, o desassoreamento são ações importantes. Mas pouco adiantam se não há água chegando", afirma Purini.

"Estamos 75% abaixo da média histórica com relação às chuvas. Para piorar, o calor força as pessoas a usar mais água. Tudo isso entra na conta", afirma. A princípio o DAE não prevê endurecer o rodízio - hoje nos moldes de 24 horas de abastecimento frente a 48 horas sem -, mas ressalta que a economia de água se faz mais do que nunca necessária.

Purini adianta, de qualquer forma, que obras recém-finalizadas pelo DAE já deram relativo fôlego à autarquia - ao menos para garantir que o racionamento permaneça nos moldes atuais. Uma das iniciativas é uma nova adutora ao Bela Vista, o que garantiu estabilidade às residências.

Idealizador do projeto Viva Batalha, Márcio Teixeira diz que a situação é desesperadora. "Ao menos uma vez por mês eu vou até a nascente da Jacutinga para plantar árvores e acompanhar a situação. E eu nunca vi um cenário deste", lamenta.

"São 22 quilômetros da nascente até a lagoa de captação. E precisaríamos plantar pelo menos mais 150 mil árvores. Já fizemos 1% disso de maneira voluntária e assim continuaremos. Mas o esforço precisa ser maior", complementa.

Hirata afirma: estresse do aquífero é evidente e Renato Purini, presidente do DAE: preocupante (crédito: André Fleury Moraes)
Hirata afirma: estresse do aquífero é evidente e Renato Purini, presidente do DAE: preocupante (crédito: André Fleury Moraes)

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