OPINIÃO

Prioridades de pagamento: entre a luz cortada ou wifi conectado

Por Gregório José |
| Tempo de leitura: 2 min
Jornalista/radialista/filósofo

Prioridades de pagamento ficam entre a luz cortada ou wifi conectado

Imagine o seguinte cenário: você está sentado na sua sala, em um calor de 40 graus, sem ar-condicionado (porque, claro, ele foi cortado por falta de pagamento), mas com o celular na mão e o Wi-Fi a todo vapor. Afinal, as prioridades estão claras: se a internet for embora, o caos começa.

Água e luz? Ah, detalhes!

Quem precisa tomar banho quando a última série do momento está prestes a ser lançada, não é mesmo?

O cartão de crédito, que um dia foi seu grande aliado, agora parece mais o vilão de filme de terror. Ele tem o poder de transformar qualquer ida ao mercado em um pesadelo financeiro, daqueles que nem os melhores planejamentos conseguem acordar. E o cheque especial? Esse é o personagem coadjuvante que aparece de fininho, mas acaba com o show inteiro, cobrando juros dignos de um agiota profissional.

Agora, convenhamos: pagar a escola? Que nada! Com tantas aulas online por aí, a ideia é aprender na prática, negociando com o banco todo mês. Quem precisa de diploma quando já se tem um PhD em "Parcelamento no Cartão"?

E a saga continua! Você já viu alguém ficar sem pão? Claro que sim, o brasileiro corta o pão, mas nunca o pacote de dados! E tem razão, afinal, como vai pedir socorro para pagar o boleto atrasado se não puder usar o WhatsApp? Parece que o país virou um episódio de comédia em que o básico virou luxo, e o luxo, bem... esse agora é poder pagar a conta da Netflix.

O mais fascinante é que a inadimplência é quase um esporte nacional. O pessoal entra no cheque especial como quem se inscreve numa maratona, sem medo de terminar a corrida com os juros pegando fogo. O segredo é fazer aquele 'tabelamento' financeiro: segura o pagamento do plano de saúde, finge que não viu a conta de luz, e deixa tudo para o mês que vem, porque "esse mês foi atípico". E quando o mês "típico" chega? Bem, aí a gente renegocia!

É de dar inveja a qualquer matemático como o brasileiro consegue fazer malabarismo financeiro: ele calcula as parcelas, joga pro futuro, estica o limite do cartão e, de repente, parece estar num reality show. Só que, em vez de provas de resistência, o desafio é resistir aos boletos, e a recompensa não é um milhão de reais — é ver se, no fim do mês, sobrou saldo positivo para pagar aquele hambúrguer delivery.

E o mais divertido disso tudo é que o brasileiro continua otimista. Porque, como sempre dizemos: "a vida tá difícil, mas, pelo menos, o Wi-Fi tá funcionando"! Afinal, a dívida pode até crescer, mas a conexão nunca falha!

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