Um funcionário afastado da Apae Bauru, averiguado por suposto envolvimento no desaparecimento da secretária-executiva da entidade Claudia Regina Lobo, vista pela última vez no dia 6 de agosto, prestou depoimento na Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru nesta sexta-feira (23) à tarde. Ele entrou no prédio por volta das 14h30, acompanhado por sua advogada, e só deixou o local às 18h, quando foi liberado e foi embora no carro da defensora. Enquanto era interrogado, equipes da Polícia Civil deixaram o local em diligência externa.
Afastado de suas funções há pouco mais de 10 dias, ele chegou a deixar a sede da entidade escoltado por policiais. Durante as investigações do caso tratado como possível homicídio e ocultação de cadáver, a Polícia Civil representou pela prisão temporária dele, mas o pedido foi negado pela Justiça. Por ora, o JCNET optou por preservar a identidade do funcionário, pois no momento ele ainda está na condição de averiguado.
O principal suspeito pelo sumiço de Claudia, o presidente afastado da Apae Roberto Franceschetti Filho, está preso temporariamente desde o último dia 15. Ele alega inocência, mas diversas evidências, como imagens de câmeras de segurança, contradições em depoimentos e análise do sinal do celular do investigado apontam para o envolvimento dele, segundo a polícia.
O resultado do exame de confronto balístico, inclusive, revelou que o estojo disparado, encontrado no veículo conduzido pela secretária-executiva no dia em que ela foi vista pela última vez, partiu da pistola pertencente a Franceschetti Filho, informou a Polícia Civil. A arma, calibre 380, foi apreendida no cofre da casa dele, durante cumprimento de mandado de busca.
Na última terça-feira (20), equipes da 3.ª Delegacia de Investigações de Homicídios da Divisão Especial de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, responsável pelas investigações, fizeram diligências em uma chácara localizada no começo da rodovia Cezário José de Castilho (SP-321), a Bauru-Iacanga, onde o funcionário afastado, antes de ser contratado pela Apae em abril, trabalhou.
Na decorrer da ação dos policiais da Deic no local, foram coletados diversos materiais, que seguiram para perícia. A filha da secretária executiva da Apae, Letícia Rocha Prado, reconheceu um par de óculos encontrado na mesma área, com armação dourada e lentes de grau, como sendo o usado pela sua mãe no dia em que ela desapareceu.
Na quarta-feira (21), a Polícia Civil informou que materiais apreendidos na propriedade rural foram analisados preliminarmente pelo IML local e enviados ao Núcleo de Biologia em São Paulo para confronto com as amostras de DNA já recolhidas do veículo da Apae, de pertences pessoais de Claudia e de amostra da filha dela. Segundo a polícia, laudo preliminar já apontou que, aparentemente, são fragmentos de ossos humanos.
Nesta quinta (22), a Polícia Civil, através do Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold), cumpriu mandado de busca e apreensão na sede administrativa da Apae, na quadra 2 da rua Rodrigo Romeiro, no Centro de Bauru.
A nova presidente da instituição, Maria Amélia Moura Pini Ferro, acompanhou a corporação. Os computadores utilizados por eles também estão sendo verificados pelos policiais. O advogado Leandro Chab Pistelli, que representa Franceschetti, informou ao JC que entregou à Polícia Civil o notebook pessoal de seu cliente.
Em nota enviada à imprensa na tarde de ontem, a Polícia Civil revelou que já foi concluída uma perícia no computador que Claudia Lobo utilizava - objeto até então apreendido. O teor do documento não foi divulgado e o caso segue sob segredo de Justiça.
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