APÓS CRÍTICAS

Mato alto: reforço na capina custará R$ 6,6 milhões em Taubaté

Por Julio Codazzi | Taubaté
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/EcoTaubaté
Reforço começou em maio e será encerrado esse mês
Reforço começou em maio e será encerrado esse mês

O reforço temporário no serviço de capina em Taubaté, que se estenderá por um período de três meses, representará um gasto adicional de R$ 6,636 milhões para a Prefeitura no período - inicialmente, o governo José Saud (PP) havia informado outro valor, mas a informação foi corrigida nessa semana (leia mais abaixo).

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Para esse reforço, a EcoTaubaté, que é a empresa responsável pela limpeza urbana do município, contratou 90 funcionários temporários, que foram divididos em nove equipes extras de roçagem manual e mecanizada. Essa ampliação teve início no dia 20 de maio e se estenderá até a segunda quinzena de agosto.

Esse gasto adicional será pago pela Prefeitura em três parcelas de R$ 2,212 milhões, entre setembro e novembro desse ano. O reforço ocorreu em meio à pré-campanha à reeleição de Saud, que enfrenta críticas de moradores sobre o mato alto no município (leia mais abaixo).

Confusão.

A informação sobre o custo do reforço havia sido solicitada por OVALE ao Departamento de Comunicação da Prefeitura ainda no mês de maio, mas na época não houve resposta. No dia 27 de maio, a reportagem refez os questionamentos, dessa vez via LAI (Lei de Acesso à Informação), por meio do e-SIC (Sistema Eletrônico de Informações ao Cidadão) do município.

De acordo com a LAI, que é uma norma federal de 2011 que consiste atualmente em uma das principais ferramentas de transparência do Brasil, os pedidos via e-SIC devem ser respondidos em até 20 dias – o prazo pode até ser prorrogado por mais 10 dias, mediante justificativa expressa, o que não ocorreu nesse caso; o desrepeito ao prazo pode configurar infração administrativa e também improbidade administrativa.

Apenas no dia 31 de julho, após 65 dias do questionamento via LAI, o secretário de Serviços Públicos, Élcio Ferreira, forneceu os dados solicitados. No entanto, houve uma confusão. A reportagem havia questionado qual seria o valor mensal do contrato no período de reforço, e Ferreira respondeu que o custo seria de R$ 6,636 milhões - como o valor regular é de R$ 5,589 milhões/mês, isso representaria um gasto extra de R$ 1,407 milhão por mês ou de R$ 3,142 milhões em três meses. Nessa quarta-feira (14), porém, a Prefeitura esclareceu que o valor de R$ 6,636 milhões, citado na resposta do secretário, é o custo que o reforço terá no período de três meses, e não o valor mensal do contrato no período.

Contrato.

Até fevereiro de 2023, o custo mensal do contrato era de R$ 6,997 milhões. Em março do ano passado, a Prefeitura autorizou reajuste de 30,25%, passando para R$ 9,114 milhões ao mês, sob a justificativa de que o contrato não havia sido reajustado nos dois anos anteriores.

Já em março, no entanto, a Prefeitura deixou de fazer o pagamento mensal à empresa. Em agosto, a pedido do município, o valor mensal do contrato foi reduzido para R$ 5,589 milhões, uma queda de quase 40%.

Com a dívida, a empresa demitiu ao menos 180 dos 500 funcionários no ano passado. Além disso, com o corte no valor, foram reduzidos os serviços de coleta seletiva, poda de árvores, varrição manual de vias públicas, roçada manual e mecanizada, coleta de entulho manual e mecanizada, além da coleta de PEVs (Pontos de Entrega Voluntária). E foram suspensos os serviços de limpeza de boca de lobo, varrição mecanizada de vias, programa de conscientização ambiental, lavagem de vias e logradouros, tratamento, disposição e redução de massa, além da pintura de guias. Com isso, reclamações sobre a limpeza urbana - como o mato alto - se proliferaram.

Dívida.

Ao todo, no ano passado, a Prefeitura deixou de pagar R$ 39,395 milhões à EcoTaubaté.

Um acordo celebrado em dezembro de 2023 estabeleceu que esse montante será pago de forma parcelada, sem juros. O pagamento teve início em março de 2024 e se estenderá até o fim de 2025.

Além disso, no início de 2023 a Prefeitura havia firmado acordo para pagar à empresa, também de forma parcelada e também sem juros, R$ 28,154 milhões referentes a reajustes contratuais que não foram aplicados em 2021 e 2022. Nesse caso, o pagamento teve início no primeiro trimestre do ano passado e deve ser concluído até o fim de 2024.

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