Ele era concursado. Oficial de Justiça do TJ (Tribunal de Justiça) SP.
Tinha 3 filhos pequenos e era arrimo de família.
Cursou faculdade de Direito em período noturno, nas épocas em que não existiam manuais, mas obras completas e complexas a estudar.
Passou no exame da OAB.
Com a notícia, destinou-se ao cartório judicial, ambiente de trabalho de um dos irmãos mais velhos, e anunciou a aprovação.
O irmão, chefe, pegou uma folha de sulfite, entregou-lhe e disse:
- Peça exoneracao!
Ele, surpreso, retrucou:
- Está louco? Sustento minha família! Tenho três filhos para sustentar.
O irmão respondeu:
- Se não pedir exoneração agora, passeará 10 anos e estará entregando mandados com o anel de formado no dedo.
- E se não der certo?, respondeu.
O irmão disse que lhes ajudaria.
Fez o pedido de exoneração, entregou no TJSP e, após alguns passos, tamanho o nervoso, passou mal.
O tempo passou.
Tornou-se nobre, probo, experiente e íntegro causídico.
Sustentou a família e amealhou bens - muito, muito mais do que suficientes a seu sustento.
Esse é meu tio, Luís Gonzaga Ramos Schubert, que me inspira e que muito admiro pela simplicidade, desprendimento, amor a família e coragem.
Por mais pessoas assim!