OPINIÃO

Eu Nasci há 76 anos atrás

Por Paulo Neves |
| Tempo de leitura: 2 min

Eu nasci em maio de 1948, época em que a taxa de natalidade disparou entre vários países, principalmente depois de a 2ª Guerra Mundial ter chegado ao fim.

Tenho certeza que fiz parte de uma geração invejável, sim, uma geração invejável. Uma época que todos os jovens gostavam de viver. Os jovens eram de humanas.

Os Beatles se uniram em 1962. O homem chegou à lua em 1969. O Melhor (caixa alta) jogador de futebol de todos os tempos, Pelé, estava na Copa do Mundo de 1970, no México. Maradona vem bem depois. Caiu o Muro de Berlim em 09/11/1989. O tempo passou e eu estava com 41 anos.

E aí apareceu a Geração Z (depois a Geração Y) ou pós Millennial, que assumiram o protagonismo. Um grupo de pessoas marcados pela Internet, chegou a geração do tablet e smartphone...domínio total da tecnologia. Convivemos com a geração Z.

Eu estou escrevendo esse texto para confidenciar com você um hábito em desuso, escrever e que, na verdade, não sei se alguém vai ler, não só a coluna como também o jornal.

Senhoras e senhores, com todo o meu respeito, mas confesso que há 15 anos não recebo uma carta, uma linha, um recado, uma mensagem, uma anotação dos meus vizinhos neste residencial. Feliz Páscoa. Feliz Aniversário, Feliz Natal, tento deixar a porta aberta, mas não adianta!

Não estou me vitimizando nem querendo auto-piedade, auto-compaixão, coitadismo. Não perco tempo com isso, aos 76 anos, meu caminho é mais curto, eu sei disso!

O que me trouxe aqui na Tribuna do Leitor é sobre um fato há 2 anos, acontecido comigo. Quando autografava meu livro "Palco de Memórias", uma jovem me falou: " Quem vai ler seu livro? Quem vai apreciar as fotos, os documentos, seus prêmios, o designer do livro que é ótimo?".

Não respondi nada. Fiquei em silêncio. Dois anos depois eu respondo, ninguém vai ler "Palco de Memórias" e eu autografando os livros e anotava meu celular, pedindo um retorno, não recebi nenhuma chamada.

Para terminar, estou lembrando de uma crônica de Vinícius de Moraes: "Procura-se um amigo, não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimento, ter coração".

Precisa saber falar e saber calar no momento certo, sobretudo saber ouvir... deve gostar de poesia."

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