"Escuta, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR" (Deuteronômio 6.4). O verbo "escuta", Shemá em hebraico, possui um significado profundo, englobando aprender, entender e assimilar. Deus, ao proferir essas palavras, pretendia transmitir ensinamentos abrangentes para todos os aspectos da existência, convocando as pessoas a seguir seus preceitos para uma vida plena.

A Bíblia dá indícios claros que Deus, o Eterno, tem um profundo interesse na área do ensino. Ao longo dos séculos, diversas figuras influenciaram a sociedade nos campos da educação, política, filosofia, religião e ciência, mas nenhuma conseguiu impactar tão profundamente as estruturas sociais e mentais quanto Jesus, o Filho de Deus. Isso se deve ao fato de que Ele seguia o princípio do Shemá, o que o capacitou a intervir de maneira única e eficaz na história, sob a orientação da pedagogia ensino divino. Assim, Jesus se tornou o maior educador de todos os tempos, com técnicas e uma dedicação genuína ao aprendizado que foram exemplares e, até hoje, insuperáveis.

Na contemporaneidade, o crescimento do ceticismo na educação reflete um movimento em direção ao humanismo, com foco no avanço da ciência e da tecnologia. Este progresso se manifesta na criação de novos métodos, máquinas autônomas e softwares sofisticados. No entanto, esse enfoque exacerbado na ciência e na tecnologia tem sido acompanhado pela desvalorização dos afetos mútuos e pela marginalização do amor recíproco. A ciência, embora progrida em complexidade e alcance, não visa primariamente fomentar a solidariedade. Consequentemente, a cada nova geração, percebe-se um aumento da infelicidade, solidão e perda de valores perenes.

O crescimento do conhecimento científico é inegável e foi previsto em Daniel 12:4, cerca de 600 anos antes de Cristo. Nunca na história a ciência foi tão amplamente utilizada. No entanto, quem decidiu que deveríamos negligenciar o conhecimento de Deus para alcançar esse progresso? Quem sugeriu colocar a ciência acima da sofisticada e infinita sabedoria divina? É isso realmente possível? Há algo que Deus não conheça? Ensinaram aos nossos filhos que Deus e o conhecimento não podem coexistir, e agora nos encontramos confrontados com essa realidade, enfrentando angústia e confinamento em um mundo que se tornou um mero laboratório de experimentação.

Sem dúvida, os profundos ensinamentos de Deus foram amplamente removidos das escolas pós-modernas. É paradoxal que, embora muitos reconheçam Jesus como um exemplo de humildade e bondade, eles simultaneamente negligenciem sua posição única como o supremo conhecedor de toda existência. Esta exclusão é lamentável, pois os princípios de Deus têm o potencial de trazer imensos benefícios tanto para a geração atual quanto para as futuras. Com isso, é responsabilidade da igreja cristã valorizar o ensino, reconhecendo que a pedagogia tem suas raízes em Deus. Como autor tanto da educação quanto de toda a existência, Deus confere à igreja o papel de guardiã e defensora desse princípio fundamental.

O precursor da pedagogia moderna, João Amós Comenius, pastor protestante, ao redigir sua Didática Magna no século 18, iniciou a organização pedagógica no Ocidente. Ele defendia que o ensino deveria ser acessível a todos, pois o reconhecimento da dignidade e do direito à educação são inerentes a cada indivíduo, visto que todos são reflexo e semelhança de Deus. Assim como Comenius, eminentes pensadores ao longo da história reconheceram a influência divina em todas as áreas do conhecimento, como Blaise Pascal, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, René Descartes, Isaac Newton, Albert Einstein, estudiosos dedicados à pesquisa e ao saber, que sempre atribuíram a Deus o princípio de toda sabedoria.

Jesus, o mestre e filho de Deus, possuía uma compreensão profundamente superior à de Aristóteles, Platão, Freud ou Jung. Em sua vasta riqueza de ideias, ele ensinou que a verdadeira liderança não se resume a dominar o mundo, mas está na capacidade de cada indivíduo dominar a si mesmo. Conceitos como autocontrole, essenciais para o equilíbrio social, já estavam presentes desde o Shemá no Pentateuco, evidenciando que Jesus seguia os ensinamentos de Deus Pai.

Certamente, a educação contemporânea poderia ser enriquecida pelos princípios fundamentais da Palavra de Deus. O Criador estabeleceu um canal de comunicação com suas criaturas através de sua Palavra em Jesus Cristo. Os conhecimentos das ciências ainda podem beneficiar-se ao reconhecer o equilíbrio de todo conhecimento em Cristo, pois todas as coisas são mantidas exclusivamente Nele. A origem da pedagogia é divina, e somente por meio dela podemos seguir o caminho que leva à verdade, à beleza, à cooperação e ao amor em todo o conhecimento.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

62 anos atuando Soli Deo Gloria