OPINIÃO

Camões, ora pois!

Por Adilson Roberto Gonçalves |
| Tempo de leitura: 1 min
O autor é pesquisador da Unesp – Rio Claro

Depois de um Machado adotado como ferramenta internacional para falar de nossa língua portuguesa, voltemo-nos ao precursor dessa empreitada. Neste 2024 são 500 anos de Luís de Camões, com data incerta de nascimento, mas tendo o 10 de junho estabelecido como seu falecimento, em 1580, e em que comemoramos o Dia da Língua Portuguesa. Esses dias de junho compõem efemérides interessantes, que vão do próprio nascimento de Machado de Assis, em 21 de junho de 1839, passando pelo deste escriba coincidente com o Dia do Meio Ambiente, e chegando à morte de José Saramago em 18 de junho de 2010.

Muitas serão as análises da obra de Camões por conta deste meio milênio. Em um desses conjuntos, publicado na Ilustríssima da Folha de S. Paulo (9/6), pesquisadores e pensadores analisaram de forma profunda o aspecto místico da literatura, antes instalado de forma corriqueira em poemas, tal como se apresenta em "Os Lusíadas". São textos que saem do lugar-comum e adentram até a contemporaneidade da obra do escritor maior da língua portuguesa.

Os autores clamam que se deveria voltar a essas origens. Porém, o místico tem sido trazido à vida corrente, mas de forma enviesada e monotônica, ao se firmar na hermética Bíblia e não na expansiva mitologia greco-romana. Outrossim, espero que continuem a aproveitar a efeméride do meio milênio e avaliar os camonianos versos à luz também da ciência, pois Camões mesmo gostaria de continuar cantando por toda a parte, se a tanto ajudar o engenho e a arte.

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