POLÍTICA

Nova aposta do DAE consta do PDA desde 2014, critica vereador

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
André Fleury Moraes
O vereador Coronel Meira (Novo) exibiu os poços previstos no PDA de 2014
O vereador Coronel Meira (Novo) exibiu os poços previstos no PDA de 2014

Mais nova aposta do Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru para contornar a crise no abastecimento que o município enfrenta há quase um mês, a captação de água através de poços perfurados na Zona Norte já constava do Plano Diretor de Águas (PDA) de 2014.

A informação foi revelada nesta segunda-feira (3) pelo vereador Coronel Meira (Novo) durante discurso na tribuna da Câmara. Ele comentava na ocasião a reportagem do JC do último final de semana que noticiou o plano da autarquia sobre a Zona Norte.

O presidente do DAE afirmou ao JC que a produção dos poços perfurados na Zona Sul não correspondeu ao esperado e que a situação é exatamente contrária na região diametralmente oposta, a Norte.

"Perfuraram poços na região Sul achando que o problema seria resolvido. Não foi", criticou Meira.

O PDA de 2014 apontava para três poços - os chamados Zona Norte 2, 3 e 4 - com boa capacidade de captação hídrica. Estudos da época apontaram que a vazão média dessas fontes girava entre 200 a 230 metros cúbicos por hora. Eles nunca foram efetivamente perfurados, apesar de previstos no documento de 10 anos atrás.

O problema sobre o abastecimento de água em Bauru praticamente deu o tom dos discursos dos parlamentares nesta segunda-feira. E foi abordado mesmo por integrantes da base do governo na Casa.

É o caso de Fabiano Mariano (Solidariedade), que vê com estranheza a diferença entre a vazão projetada e a vazão real em um dos poços cuja capacidade foi superestimada pelo governo — o do Alto Paraíso.

Imaginava-se a princípio uma captação média de 179,43 metros cúbicos por hora naquele poço. Na prática, porém, o índice equivale a 18,56 na mesma medida.

Mariano pediu nesta segunda uma série de informações sobre o investimento. O parlamentar quer saber, por exemplo, o perfil técnico do poço e seus níveis (de água) estático (quando parado) e dinâmico (quando em funcionamento).

O vereador também solicitou ao governo cópia do relatório técnico de perfuração emitido pela empresa responsável pela obra e informações sobre as condições geológicas do local.

"Não é possível que até hoje, três anos depois da perfuração desse poço, aceitar que ele não dá água. Seria plausível se fossem 80 metros cúbicos por hora, por exemplo, a metade do esperado. Mas [a situação atual] não dá", criticou.

Mariano lembrou, por exemplo, que a falta de água já era assunto quando de seus mandatos anteriores — entre 2009 e 2016 — e afirmou que "entra prefeito, sai prefeito, e as coisas continuam do mesmo jeito".

Marcelo Afonso (PSD) também abordou o tema. Ele voltou a defender uma proposta sobre a qual fala há tempos que envolve captar água de outras fontes superficiais - no caso, defende o parlamentar, há possibilidade de que isso seja feito no córrego Água da Ressaca. "São 200 metros cúbicos por hora de vazão. Não sei por que dessa teimosia de não projetar algo assim", observou.

O problema também não passou batido a Chiara Ranieri (União Brasil). Ela lembrou que em 2012, quando se candidatou à prefeitura, ficou conhecida como "rainha das águas" pela insistência em falar sobre a crise hídrica que já se avizinhava e para a qual poucos davam importância na época.

Guilherme Berriel (PSB), por sua vez, vê problemas na declaração do DAE de que, por ora, estão descartados investimentos em novos reservatórios. "Isso me choca", disparou. "O que o DAE tem hoje de reservação equivale a 10 horas de produção [captação]. É muito pouco". Berriel, que é proprietário de uma empresa de produção de gelo, afirmou que "o volume que tenho armazenado equivale a 14 dias de produção".

Como noticiou o JC no último final de semana, a falta de água persiste apesar das vontades e das ações, ou inações, dos governos e governantes que comandaram o município nos últimos 12 anos: Rodrigo Agostinho, Clodoaldo Gazzetta e Suéllen Rosim.

A garantia de iniciativas para resolver a seca consta dos planos de governo de todos os candidatos desde 2012, ano a partir da qual o documento está disponível nos sistemas da Justiça Eleitoral. Mas nenhum dos últimos três prefeitos resolveu a situação que afeta mais de 90 mil bauruenses.

Fabiano Mariano (SD) quer informações sobre o poço Alto Paraíso, cuja produção é bem menor do que o previsto (crédito: André Fleury Moraes)
Fabiano Mariano (SD) quer informações sobre o poço Alto Paraíso, cuja produção é bem menor do que o previsto (crédito: André Fleury Moraes)

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