O número de pessoas inadimplentes e o valor devido por elas no varejo de Bauru caiu ao longo de 2023, demonstram dados do cadastro de negativados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bauru. Em dezembro passado, a dívida acumulada era de R$ 31,914 milhões, 10% menos do que os R$ 35,389 milhões não recebidos pelos lojistas até janeiro do mesmo ano.
Já o número de devedores diminuiu de 26.444 para 24.375 pessoas, o que corresponde a uma queda de 8%. Como medida de comparação ao longo dos anos, para se ter ideia, até dezembro de 2018, 35.651 consumidores permaneciam com o nome inscrito no cadastro de proteção ao crédito da entidade, totalizando uma dívida de R$ 49,8 milhões.
Consultor jurídico da CDL de Bauru, Elion Pontechelle Junior revela que, até o mês passado, embora cada pessoa negativada devesse, em média, R$ 1.309,31, o valor de cada um dos débitos ficava, também na média, em R$ 137,00. "Isso mostra que quem está inadimplente tem optado por pagar as dívidas maiores. Creio que, com o Desenrola Brasil, os consumidores têm conseguido quitar valores que, sem o programa de renegociação, não tinham condições", frisa, citando a iniciativa do governo federal, além dos mutirões "limpa nome" promovidos periodicamente pela CDL.
Apesar da redução da inadimplência, o consultor pondera que o ano de 2023 foi mais difícil para os cerca de 700 lojistas associados à entidade do que 2022. Os números mostram que o volume de dívidas incluídas no cadastro da entidade diminuiu no ano passado, na comparação com o período anterior, refletindo, de acordo com o economista Reinaldo Cafeo, a redução das vendas efetivadas pelo setor.
RENDA
"Isso ficou evidenciado no baixo volume de compras na Black Friday e no período de Natal. De um lado, é explicado pelo elevado número de famílias endividadas e, por outro, pelo desemprego, com muitas pessoas vivendo de renda variável, como MEIs, e do Bolsa Família", analisa.
A quantidade de dívidas excluídas do cadastro também caiu, enquanto as consultas de nomes de consumidores feitas por lojistas antes da efetivação da venda aumentaram. "Isso pode ser explicado pelo maior rigor na concessão de crédito por parte das empresas. Muitas não consultavam todas as propostas de compras, e passaram a fazê-lo, visando a queda na inadimplência", explica o economista.
Ele projeta que, com a queda da taxa básica de juros, a Selic, e da inflação, a inadimplência tende a cair novamente até o fim deste ano, tornando os produtos mais baratos.
"O reflexo será sentido mais no segundo semestre, posto que as compras do ano passado ainda carregam juros maiores. O primeiro semestre aponta para um ritmo menor na geração de emprego formal e na queda da taxa de desocupação. Caso não haja nenhum fator externo, o segundo semestre pode auxiliar para que, no ano fechado, a inadimplência seja menor. Soma-se a isso a prorrogação do Desenrola Brasil", complementa.
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