COLUNISTA

Racismo

Por Hugo Evandro Silveira | 27/05/2023 | Tempo de leitura: 4 min

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

Nesta semana fomos tomados de perplexidade com o caso de racismo contra o jogador de futebol Vinícius Jr. No último domingo, (21), o brasileiro foi vítima, mais uma vez, de insultos racistas dentro de um estádio espanhol. No episódio em questão, Vinícius Jr. identificou um dos torcedores que o insultava chamando-o de macaco. O jogador apontou para o torcedor agressor e ainda chegou a chamar o árbitro para ir até lá, mas sem êxito. Após a confusão o jogo foi paralisado e o jogador, vítima, acabou expulso.

Em suas redes sociais, Vinícius Jr escreveu: "Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista ... hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas..."

Infelizmente, o racismo que deu a cara na Espanha insiste em se esconder nas entranhas das sociedades. As pessoas deveriam ser avaliadas não pela cor da pele, mas pelo caráter. Esse era o sonho de Martin Luther King, pastor preto e Batista.

Já escrevi aqui nesta coluna que, na teologia cristã, o racismo se resume em uma palavra: pecado. É incrível como os seres humanos, em pleno século 21, ainda não aprenderam a conviver como iguais. Racismo é crime; e não precisa ser preto, branco, pardo, índio, homem ou mulher para lutar contra o racismo, só precisa ser, humano.

Somos todos criaturas de Deus. Família humana. Todos divinamente interconectados sob rácios de melanina, com variação de pigmentos de pele, diversificados no tom e no tamanho, entretanto todos com o mesmo sangue vermelho sob a mesma essência divina. Mas a soberba humana se perdeu tragicamente.

No evangelho Jesus afirmou que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Todos, categoricamente todos são bem-vindos. Todos os seres humanos criados por Deus são bem-vindos á casa do Pai. Deus enviou seu Filho Jesus para amar, acolher, dar esperança de eternidade e salvar a todos os que creem nele: pobre, rico, mulher, homem, preto, pardo, moreno, branco.

É incrível que apesar de todo desenvolvimento, ciência, tecnologia na pós modernidade, está difícil as pessoas entenderem que há somente uma raça, a humana. Só há um sangue; todos filhos de Adão. Todos temos a mesma pele; biologicamente temos apenas 0,2% de diferença genética. Na verdade, nem cor de pele diferente possuímos. Tecnicamente, de um ponto de vista genético e bioquímico, todos temos a mesma pele e a coloração de cada um é resultado da porção de melanina que cada um possui. A simples questão é que as pessoas têm melanina em níveis diferentes. Logo, não se deve ousar em pensar que alguém tem menor ou maior importância pela quantidade de melanina que possua.

A Bíblia é enfática em conceituar a igualdade: "Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos são um em Cristo Jesus" (Gálatas 3.28). Como sempre, desde a sua nascente - apesar de alguns tropeços estruturais dentro da história da cristandade - a fé cristã, em sua essência, foi precursora igualitária de gentes. No 1º século, tempos de escravidão, o apóstolo Paulo orientou Filemom a receber Onésimo, seu escravo, não mais como escravo, mas como irmão (v.16). Já em tempos próximos, vivendo num ambiente social comumente racista, o pastor batista Charles Spurgeon (XIX), um notório abolicionista inglês declarou: "Minha alma detesta a escravidão. Embora eu comungue à mesa do Senhor com homens de todos os credos, com um escravagista não tenho comunhão de nenhum tipo. Sempre que alguém como tal me chame, considero meu dever expressar meu desprezo por sua iniquidade e o considerar um ladrão de homens".

Repudiamos o racismo não por causa de ideologias, mas pelo nosso compromisso com a Escritura Sagrada que ordena o mandamento do amor a todos (Mateus 22.37,38); em que todas as pessoas são criadas segundo a imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26, 27). Toda força e as bênçãos de Deus a Vini Jr, assim como a todos os oprimidos pelos próprios semelhantes.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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