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Com fios na preferência de ladrões, Bauru registra um furto a cada 1h42

Por Larissa Bastos | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Grande parte dos crimes tem como foco a fiação de cobre, o que favoreceu a alta de 32% nas ocorrências
Grande parte dos crimes tem como foco a fiação de cobre, o que favoreceu a alta de 32% nas ocorrências

Com o arrefecimento da pandemia e a nova 'preferência' dos ladrões, que passaram a focar mais fios de cobre a despeito de celulares, antes o item prioritário, o total de furtos em Bauru aumentou 32% em 2022 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Números da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) mostram 4.950 casos dessa natureza no ano passado, ante 3.753, no anterior. Em média, foram 14 ocorrências por dia em 2022, ou seja, um a cada 1h42.

Existe ainda a possibilidade de a quantidade de crimes ser maior em ambos os períodos, já que parte das vítimas não registra boletim de ocorrência (BO). Segundo autoridades, tanto da Polícia Militar quanto da Civil, o 'baixo risco' do furto da fiação de cobre e grande quantidade de receptadores explicam a alta.

O tenente-coronel Paulo Cesar Valentim, comandante do 4.º Batalhão de Polícia Militar do Interior (4.º BPM-I), relembra que, em 2021, para evitar a contaminação pelo coronavírus, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e resistiam a lugares movimentados.

"Mas, no ano passado, com a retomada da normalidade, a população voltou a sair de casa para trabalhar, passear, viajar. Com isso, voltaram os pequenos furtos. O criminoso sempre avalia os riscos. Ele sabe que, ao furtar um celular, ele corre o risco, por exemplo, de a pessoa reagir. Mas, ao furtar os fios de cobre de uma casa que está vazia, ele corre menos riscos", detalha o comandante.

Justamente por conta desse "baixo risco" e pela facilidade de se encontrar fios de cobre na cidade, a 'preferência' dos bandidos foi intensificada: passaram a atacar casas e lugares públicos. A situação, inclusive, virou problema até para o abastecimento de água de Bauru, pois frequentemente poços de captação são alvo, conforme o JC já noticiou.

OUTRO FATOR

Outro motivador para esta tendência é a facilidade de localizar receptadores dos fios de cobre, metal que tem valor do quilo considerado elevado no mercado. Por esse motivo, o titular da Delegacia Seccional de Polícia de Bauru, Luciano de Barros Faro, explica que, mesmo com a intensificação de operações de fiscalização de ferros-velhos e grandes apreensões de material ilegal, é necessário o endurecimento da legislação em relação ao comércio desse item na cidade.

"Os materiais ilegais encontrados são apreendidos e os receptadores, indiciados. Mas é difícil identificar a origem desses fios e, assim, prender os autores do furto. Por isso, a melhor estratégia é dificultar a receptação com fiscalização tanto das polícias, quanto do Poder Público, e legislação mais rigorosa. Ou seja, se não tiverem para quem repassar os fios, não vão furtar", complementa o delegado, ressaltando que o dinheiro da venda geralmente é usado para comprar ilícitos, como drogas.

Conforme o JC também publicou, as Polícias Civil e Militar do município já estão dialogando com Executivo e Legislativo para endurecer a legislação.

DENÚNCIAS

Além disso, para combater furtos em geral, as autoridades pedem que a população colabore com denúncias anônimas ao 190 da PM, ao 197 da Polícia Civil e com registro de boletins de ocorrência na delegacia, caso sejam vítimas.

Tenente-coronel Paulo Cesar Valentim, comandante do 4.º BPM-I de Bauru (crédito: Bruno Freitas)
Tenente-coronel Paulo Cesar Valentim, comandante do 4.º BPM-I de Bauru (crédito: Bruno Freitas)
Delegado Luciano de Barros Faro, titular da Delegacia Seccional de Bauru (crédito: Ana Beatriz Garcia/JC Imagens)
Delegado Luciano de Barros Faro, titular da Delegacia Seccional de Bauru (crédito: Ana Beatriz Garcia/JC Imagens)

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