Alguns diagnósticos são feitos por imagens com um requinte incrível de precisão. Outros diagnósticos são por análise microscópica e molecular de amostras de tecidos ou de secreções e líquidos corporais. E tudo em alguns dias, quando não, em horas. Uma infeliz limitação é a capacidade interpretativa dos humanos que recebem estes exames e imagens. As faculdades não acompanham a evolução tecnológica e humanística para formarem somente profissionais bons e excelentes.
Um computador quando “pensa” se chama inteligência artificial ou robô, tal como chatGPT. Se: 1) Passar para o computador todas as informações do paciente, o histórico de saúde, a queixa principal com os sinais e sintomas da doença, 2) Repassar para ele todas as imagens da doença e, 3) Se ele receber todos os exames moleculares feitos com as amostras e líquidos do paciente; a possibilidade de um diagnóstico preciso é muito grande, maior do que se feito apenas por humanos. E mais, ele dará o plano de tratamento medicamentoso e ou cirúrgico.
ASSUSTADOR
Claro que é assustador, pois sou profissional do diagnóstico de imagens e no microscópio. E tenho plena consciência que isto não é mais ficção, é realidade. Não é futuro, é presente. Um amigo questiona: - Então você acha que ao olhar no microscópio se pode pedir ao computador, via chatGPT, que emita o laudo sobre a doença que estás vendo? Claro que sim e, se fornecer as imagens do que vejo, para o computador, ele também poderá dar o diagnóstico!
Eis a pergunta inevitável: - Então se precisará cada vez menos de patologistas, citologistas e imaginologistas? Sim, e o computador é mais metódico, mais concentrado e envolvido no que lhe pede. Não há perda de foco, rede social e preocupações financeiras que lhe tirem a concentração e diminua sua competência!
E OS PROFISSIONAIS?
Muitos continuarão necessários, mas não na quantidade de hoje. Muitos serão dispensado e precisarão mudar de especialidade, cidade e estado. Muitos cursos terão que ser reorientados ou até fechados por inadequações. Os profissionais aprendem por experiência, o que implica no somatório de acertos e erros em sua prática e nem todos terão uma ambiência com pacientes para ser atendidos e tratados. Muitas faculdades nem hospital tem em sua estrutura física direta e ou conveniada.
Profissionais já operam nos paciente por robótica, cada vez mais acessível nos hospitais. O computador que opera poderá receber informações e comandos do diagnóstico e plano de tratamento feito também pelo computador. O médico será o supervisor e coordenador do que está sendo feito, mas o número de profissionais será menor.
As imagens radiográficas e tomográficas, passam pelo escaneamento de boca e dentes, e também ofertará diagnóstico e plano de tratamento. O computador também pode oferecer robótica e designs de restaurações e próteses com implantes, cujo comando e controle passam pela manufatura de peças que antigamente, só o profissional faria. E a tendência é que se passe por todo o processo sem a avaliação intermediária do profissional, tal o grau de precisão da tecnologia oferecida.
DUAS REFLEXÕES
1ª – Os tempos atuais são velozes na evolução e mudanças no estilo de vida com preservação da vida. Tomemos consciência, busquemos nos adaptar e se preparar para esta realidade.
2ª - Em 90% dos pacientes, não se requer tratamento e sim atenção com cuidados pessoais. Apenas 10% requerem aparelhos e tratamentos mais elaborados. A tecnologia parece indicar aos médicos e dentistas: Ouçam e acolham cada vez mais os pacientes para que pertençamos à realidade dessas pessoas. Os casos mais complicados ou 10%, ela cuidará muito bem!
(Alberto Consolaro – Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC)