COLUNA

Sal e Luz da Humanidade

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

A comunidade cristã deve notabilizar-se pela fé e a caridade. No trecho evangélico da Missa de hoje, Quinto Domingo do Tempo Comum, Ano A, narrado por São Mateus - Mt 5,13-16 - Jesus disse a seus discípulos: "Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo". Essa declaração Jesus a fez logo depois de ter proclamado as "Bem-aventuranças às multidões que o seguiam, no discurso conhecido como o 'Sermão da Montanha'". É por meio das obras da fé e da caridade que a Igreja, comunidade dos fiéis discípulos e missionários de Jesus Cristo, será sal bom que salga para valer e luz colocada em candeeiro bem no alto que brilha para iluminar a todos. Isaías na primeira leitura acentua as principais obras da caridade: pão aos famintos, veste aos nus, acolhida aos pobres e peregrinos, solidariedade aos indigentes e socorro aos necessitados. Estas boas obras farão nascer das trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia (cf. Is 58,7-10). São Paulo na segunda leitura fala que a verdadeira obra da fé é anunciar Jesus Cristo, e este crucificado, não mediante discursos persuasivos segundo a sabedoria humana e com linguagem elevada, mas na simplicidade de quem nada sabe senão do conhecimento que tem de Jesus pelo poder do Espírito Santo, a fim de que a nossa fé se baseie no poder de Deus e não no poder dos homens (cf. 1Cor 2,1-5).

A Palavra de Deus, hoje, nos convida a ser sal da terra e luz do mundo mediante a nossa fé e a nossa caridade, a fim de que as pessoas vendo as nossas boas obras deem glória a Deus e se animem a fazer parte da nossa comunidade de Igreja. Ser sal da terra e luz do mundo, eis em linguagem figurada a vocação e a missão dos fiéis cristãos.

A Igreja insiste em dizer que os discípulos missionários só poderão evangelizar com eficiência, isto e, serem "sal e luz", se cumprirem algumas condições. Por exemplo, o Papa Paulo VI destacou como condição para todo evangelizador buscar e acolher a ação do Espírito Santo e dar o testemunho de vida como primeiro meio de evangelização. O Papa São João Paulo II acentuou a atuação do Espírito Santo como protagonista da missão bem como a primazia da graça de Deus. O Papa Bento XVI priorizou a santidade de vida dos agentes da evangelização que é imprescindível. E o Papa Francisco conclamou que os evangelizadores sejam evangelizadores com Espírito, que rezem com coração orante e trabalhem com afinco.

Converter-se é, então, virar a vida para Jesus Cristo, encantar-se e ficar apaixonado por Ele, ser tomado por uma experiência indizível que vira a vida, muda tudo, faz sentir a presença ao mesmo tempo assustadora e maravilhosa de Deus, ser invadido de um sentimento de maravilhamento diante do mundo, do céu e da terra, da natureza, das pessoas, de um sentimento de comunhão vital com todas as criaturas e de gratidão ao bom Deus, Criador de todas as coisas. Experiência de maravilhamento teve-a, por exemplo, São Francisco de Assis. Belíssimo o seu "Cântico das Criaturas", que começa assim: "Altíssimo, Onipotente e Bom Senhor, a Vós, o louvor, a honra, o poder e a glória... Louvado sejais, meu Senhor, com todas as vossas criaturas, o irmão Sol, a irmã Lua e as Estrelas..." E termina, com este convite: "Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-Lhe graças, e servi-O com grande humildade".

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