CONSOLARO

Felicidade é tudo misturado: incrível

Por Alberto Consolaro | 03/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC

Carlos II da Espanha e Dom Pedro II
Carlos II da Espanha e Dom Pedro II

É impressionante a miscigenação étnica nos humanos e da qual floresce uma diversidade encantadora de pessoas como os atletas e torcedores da copa de futebol de 2022. Foi-se o tempo em que haveria lugar para pregar a supremacia de uma etnia sobre as demais, como pregam nazistas, fascistas e outros extremistas.

Só existe uma raça humana. As diferenças entre humanos ocorrem pelos costumes e ambientes que caracterizam as etnias. Dizer “raças humanas” é muito desatualizado e brega. Não se consegue apenas pelos genes, saber qual é a cor da pele e outras características “raciais”.

EXEMPLO: OS HABSBURGOS

Durante um milênio, a Europa foi governada pela família mais influente da história e conhecida como Casa dos Habsburgos, o que se iniciou em 1020. O primeiro coroado foi Rodolfo I, o Rei dos Romanos e conquistador da Áustria. Chegou-se a usar a frase: “À Áustria cabe reinar sobre todo o universo!”

A fórmula de poder desta família não era a guerra, como faziam os demais clãs imperiais. O seu lema de conquista das coroas era: “Que os outros guerreiem, enquanto tu, oh feliz Áustria, concluis os casamentos”. Quase todos os reis, príncipes e princesas europeias tinham ramificações dos Habsburgos.Os casamentos eram arranjados entre primos, tios e outros parentes. Hoje sabemos que casamentos entre familiares trazem sérios problemas genéticos com malformações e defeitos nos que sobrevivem. O poder e a riqueza dos Habsburgos, se contrastavam com a beleza física.

A busca da pureza racial entre parentes, impede os mecanismos de evolução da espécie que fica sujeita à manifestação de genes defeituosos de desenvolvimento físico e psíquico. Os Habsburgos tinham nariz caído, prognatismo mandibular e lábios inferiores maiores, entre outras características disformes. Um exemplo clássico foi Carlos II, rei da Espanha. Falou aos 4 anos, caminhou a partir dos 8 anos, tinha epilepsia e era infértil. Sua morte aos 38 anos em 1700, deixou os Habsburgos sem herdeiros na Espanha, iniciando-se uma nova dinastia.

A austríaca Leopoldina, em 1817, casou-se com o imperador Pedro I, estendendo a influência dos Habsburgos na família imperial brasileira. Apesar de não ter as características faciais dos Habsburgos, morreu aos 29 anos com problemas psiquiátricos. O típico prognatismo mandibular e o roliço lábio inferior se manifestaram em seu filho Pedro II, que disfarçava usando uma farta barba.

SUPREMACIA E BILIONÁRIOS

Os que procuram a supremacia racial são infelizes na vida. A diversidade só faz bem à espécie humana. A supremacia de raça ou etnia é uma das maiores falácias e maldades que já inventaram para alguns humanos explorar os demais, como já fizeram com negros e índios.

Alguns bilionários, do tipo Elon Musk e Malcolm Collins, formaram um grupo secreto chamado de “movimento pró-natalista” que se estimulam a ter mais que 10 filhos e ainda financiam empresas de bioengenharia a melhorar os embriões. O objetivo é criar uma linhagem humana superior, eliminando defeitos genéticos e priorizando embriões com genes que sejam traços de maior desempenho mental.

Os supremacistas não aprenderam com o projeto genoma.  O que somos, não depende dos genes exclusivamente. Metade do que somos vem da genética e a outra metade, advém da interação dos genes com o meio ambiente e isto se chama epigenética.

REFLEXÃO FINAL

A interação com o ambiente é o que determina as características de humanos plenos e felizes. A genética não traz a felicidade embutida nas informações que recebemos de nossos pais, via cromossomos. Os pais podem fazer filhos felizes, mas induzindo-os a compreender o mundo e treinando-os na capacidade de interagir com tudo que nos cerca. Saibamos: A felicidade não é genética, ela é epigenética!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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