'Esforçava-se por ver Jesus' - Ano C

Por Dom Caetano Ferrari | 30/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

O Evangelho da Santa Missa de hoje - Lc 19,1-10 - fala de um pecador público, chamado Zaqueu, que tinha um desejo de ver Jesus. A oportunidade aconteceu quando Jesus tinha entrado em Jericó, onde Zaqueu morava e lá era chefe dos cobradores de impostos e muito rico. Como ele era de pequena estatura e não conseguia ver Jesus por causa da multidão, então ele correu à frente por onde Jesus devia passar e subiu numa árvore. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: "Zaqueu, desce depressa! Preciso de ficar hoje em tua casa". Zaqueu queria ver, Jesus queria salvar, como ele disse: "Não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9,13). Correr à frente e descer depressa era preciso, como uma exigência do amor para chegar primeiro. Zaqueu ficou feliz de poder receber Jesus em sua casa. Como não há lugar para dois senhores, onde Deus entra por uma porta, sai o dinheiro por outra. Repartir bens e dar-se a si mesmo é sinal de salvação e de começo de vida nova. Não há maior felicidade do que dar-se e partilhar o dom de Deus aos outros. Zaqueu disse: "Vou dar aos pobres metade dos meus bens e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais". Então Jesus falou que a salvação entrou naquela casa, porque também aquele homem era um filho de Abraão. Com efeito, Jesus veio procurar e salvar o que estava perdido.

Creio na Comunhão dos Santos

Os Santos do Céu, os padecentes em fase de aperfeiçoamento no Purgatório e os militantes da terra a caminho da santidade formam a grande assembleia dos Santos, a Igreja. Entre os cristãos, que são constituídos como "raça escolhida, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido" (1P 2,9), operam-se uma intercomunicação de bens, materiais e espirituais, que, em virtude da fé e do amor em Deus que os une entre si, irradiam-se em benefício uns dos outros, vivos ou mortos. Pois que "ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo" (Rm 14,7). A Liturgia de Todos os Santos e de Finados nos ajuda a celebrar os nossos entes queridos que nos precederam na morte, com espírito de confiança na misericórdia divina, oferecendo a Deus preces e obras de piedade para que os tenha já em seu Reino e gratidão pelo dom destas vidas ligadas às nossas em graus diversos de afinidade e parentesco, rendendo graças a Deus que para nosso bem no-los deu. Faz parte da nossa fé que as orações por nós oferecidas a Deus em favor dos irmãos que descansam na paz de Cristo podem não somente ajudá-los, mas também tornar frutuosa a intercessão deles por nós. É um intercâmbio de bens espirituais entre nós e eles que fortalece os laços de comunhão entre todos nós, os que somos filhos de Deus e constituímos uma única família em Cristo. O costume de venerar com grande piedade a memória dos defuntos é antiquíssimo, vem desde os primórdios da Igreja, e é uma prática que cultivamos com profundo espírito religioso. É em Deus que nós podemos encontrar os nossos falecidos e com eles nos comunicar. Celebremos, com alegria, a festa de Todos os Santos e, com esperança, o dia dos Finados, uma vez que Jesus Cristo é a Ressurreição e a Vida, e pelo Batismo estamos unidos a Ele na vida e na morte (cf. Jo 11,25-26). Na profissão de fé solene assim nós rezamos: "Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos defuntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados do céu, formando todos juntos uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre à escuta das nossas orações". Vivos e mortos se encontram unidos na glória de Cristo e no mistério de amor especialmente quando nos reunimos para a celebração da Eucaristia, o memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Então, a terra se eleva ao céu e as alturas descem às baixuras de nossas vidas. E desta mesa de peregrinos nós participamos já agora do banquete de Deus, celebrando a Comunhão dos Santos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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