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A vista privilegiada de Bauru, segundo os historiadores, deu nome ao bairro, Parque Vista Alegre, que tem 90% das ruas com nomes de flor |
Ipês, jasmins, cravos, rosas e hortênsias. Em meio a poucas construções modernas, as placas de indicação das vias do Parque Vista Alegre expõem uma peculiaridade de uma das regiões mais antigas de Bauru: o bairro não contempla ruas, e sim alamedas, sendo que destas, 90% têm nomes de flores.
A diferença, segundo o historiador Luciano Dias Pires, é que são consideradas alamedas as vias arborizadas. “Essa ideia de colocar os nomes das flores nas ruas era uma espécie de mania, uma moda na época em que data a fundação e formação desta região do Vista Alegre”, conta.
Fundado no final da década de 50 - acredita-se, por volta de 1953 -, o Parque Vista Alegre ou, como também é conhecido, apenas PVA, é facilmente destacado no mapa da cidade de Bauru.
Localizado no “triângulo” formado entre a Rodovia Marechal Rondon e as avenidas Nuno de Assis e a Moussa Tobias, o bairro nasceu no mesmo entroncamento em que teve início o desbravamento do município, na Baixada do Silvino. “Estamos ‘no pé’ de Bauru”, diz Paulo Madureira, um dos membros da tradicional família Madureira, que tem sua história estreitamente ligada à região do Vista Alegre. (leia mais nas próximas páginas).
Ele é um dos muitos vista-alegrenses que fazem desta região diferente das demais preservando características que resgatam o saudosismo de décadas atrás e mantendo o sentimento bairrista de seus fieis moradores, em sua maioria, há mais de 30 anos na região.
O “bairro das alamedas” se orgulha de carregar consigo três instituições que há muito tempo se tornaram símbolos locais: o time de futebol amador Parquinho Futebol Clube, a escola de samba Acadêmicos da Cartola e o abrigo Casa do Garoto (leia mais nas próximas páginas). “Esses são símbolos esportivos culturais que nos fazem sentir orgulho de morar no Vista Alegre”, afirma Paulo Madureira.
Herdeira preserva tradição da Chácara do Gondo
A relação com as flores no “bairro das alamedas” não fica restrita às placas. Bem no início do Parque Vista Alegre, na quadra 1 da alameda das Miltônias (espécie rara de orquídea), esposa e filha de Gondo Toshio preservam o espaço que virou reduto das flores e que por anos ficou conhecido como o celeiro das mudas: a Chácara do Gondo.
Filha mais nova dos cinco herdeiros de um dos pioneiros do ramo na cidade, Marlene Gondo é quem hoje toca o negócio da família. “Hoje em dia, não temos o mesmo rendimento que anos atrás. Às vezes, até penso em passar pra frente, vender a chácara, mas não consigo. Isso é muito mais do que uma simples chácara. Pra gente é como uma obra de arte, uma pintura que foi feita por meu pai e que preserva muito a história de nossa família”, conta.
Falecido em 2008, aos 92 anos, Gondo Toshio nasceu em Restinga (295 quilômetros de Bauru), na região de Ribeirão Preto, e mudou-se para a cidade após o casamento no início da década de 50. “Meu pai veio já com alguns filhos nascidos para Bauru e contava que adquiriu o terreno da chácara com o senhor Joaquim Madureira. Na época, o bairro ainda estava nascendo e nossa chácara ficou famosa em toda a região, fornecendo flores para floriculturas de vários lugares e, é claro, da cidade também”.
Apesar da relação do bairro com as flores, Marlene conta que tudo não passa de mera coincidência. “Parece que foi tudo perfeito, mas nada foi pensado. No bairro das alamedas com nomes de flores existe uma chácara que teve por muito tempo a maior produção de flores da cidade. Mas não passa de uma coincidência”.
Junto com a esposa Tomiko Hara Toshio, hoje com 92 anos, “seo” Gondo teve cinco filhos, dez netos e seis bisnetos, construiu sua história e deixou sua herança. “O que temos aqui são plantas lindas, verdadeiras pinturas que refletem o amor e o carinho que meu pai nos passou ao longo da vida”.
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