Você já reparou que determinados bairros de Bauru reúnem ruas com um mesmo tema? O Núcleo Presidente Gasparini, por exemplo, tem ruas que homenageiam profissionais de diversos ramos. No Vale do Igapó, quem enfeita as placas são espécies de aves e modalidades esportivas. Já no Parque Vista Alegre, 9
% das ruas têm nomes de flores.
“Em Bauru, muitos bairros têm essa característica. Isso aconteceu no momento da atribuição de nomes aos grandes loteamentos, quando, por sugestão do loteador, o prefeito decretou nomes temáticos às ruas”, explica Irineu de Azevedo Bastos.
As pedras e os planetas do Santa Edwiges
“Se essa rua, se esta rua fosse minha. Eu mandava, eu mandava ladrilhar. Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante. Para o meu, para o meu amor passar”. Para os moradores do Parque Santa Edwiges, a antiga cantiga nem precisaria ser levada tão a sério. Bastava que suas alamedas fossem asfaltadas, já que nomes de pedras preciosas muitas delas já têm.
Isso porque lá é possível encontrar as alamedas com nomes como Esmeralda, Turmalina, Safira, Rubi, Ofir, porém a maioria está coberta por terra e buracos que em nada se assemelham ao nome que estampam em suas placas de referência.
A alameda Esmeralda, por exemplo, é uma das portas de entrada do bairro e está tomada pelo mato e pelos buracos.
Além de tipos de pedras preciosas, as alamedas do Parque Santa Edwiges também levam os nomes dos planetas que compõem o sistema solar. Vênus, Saturno, Neptuno, Plutão, Júpiter, Marte e Mercúrio servem como referência para quem passa pelo bairro.
Mas, diferente das vias com nomes pedras preciosas, que em nada se assemelham as características do bairro, neste caso, é possível encontrar uma semelhança: o Santa Edwiges tem tantos buracos quanto Marte.
Gasparini e suas profissões
Metalúrgicos, açougueiros, pedreiros, jornalistas, contabilistas, gráficos, lavradores, entre outras 2
categorias de profissionais são homenageadas no Núcleo Gasparini. Isso porque são eles que dão nomes à cerca de 9
% das ruas do lugar.
“Moro aqui há 24 anos e acho bem prática a nomeação das ruas do bairro. Não tem como se perder nem como se confundir, já que não existem ruas diferentes com as mesmas profissões”, avalia o comerciante Carlos Felipe, dono de uma casa de ração que faz esquina com a rua dos Comerciários há 1
anos.
Outro benefício da padronização das ruas é que, por serem nomes de profissões, são simples e fáceis de decorar.
As flores do Parque Vista Alegre
Uma das principais características do Parque Vista Alegre é a peculiaridade com que suas ruas foram nomeadas: 9
% delas foram batizadas com nomes de flores. Por lá é possível encontrar alamedas dos Gerânios, das Hortênsias, das Primaveras, dos Lírios, a Praça das Orquídeas, entre outras tantas vias com nomes de flores.
Um dos lugares que faz jus ao nome da via em que está localizado é a Chácara Gondo, de propriedade de Marlene Gondo. A chácara é um recanto em meio à cidade e preserva diversas espécies de flores e folhagens. Foi instalada na alameda das Miltônias (um tipo raro de orquídea) há cerca de 5
anos pelo patriarca da família.
“Meu pai sempre gostou de natureza e por isso decidiu cultivar flores. Atualmente, mantemos o cultivo por conta do valor sentimental. Mas quando a chácara foi criada, as ruas já tinham esse nome. Foi coincidência”, comenta Marlene, que gosta dos nomes dados às ruas do bairro.
Fora as flores da Chácara Gondo, o bairro não tem muitas outras espécies espalhadas pelas ruas.
Muitos países no Jardim Terra Branca
A Colômbia é vizinha da Patagônia e as duas ficam a apenas alguns quarteirões da Guatemala. Achou estranho? Pois então nem adianta pegar o Mapa Mundi para conferir. Prefira um mapa de Bauru.
Procure a região do Jardim Terra Branca, e pronto: lá estão essas informações. Isso porque o assunto em questão não é os países espalhados pelo mundo, mas, sim, as placas com nomes de ruas espalhadas pelos bairros da cidade, que têm nomes de países.
Quem mora no Jardim Terra Branca, certamente já se acostumou com os nomes das vias e os considera bastante práticos em termos de localização, mas para quem visita o local esporadicamente é impossível não achar graça, afinal, em que outro lugar seria possível o encontro do México com o Peru?
Os santos que protegem o Redentor
Se depender da proteção divina, os moradores do Jardim Redentor podem ficar tranquilos. Isso porque a maior parte das ruas do bairro foi batizada com nomes de santos, muitos, inclusive, quase desconhecidos, como Santa Fabíola, Santa Bertila, Santa Lídia, Santa Tharsila, entre outras.
Os tradicionais São Lucas, São Matheus e Santo André também fazem parte do grupo que dá nome às placas das ruas do Jardim Redentor.
Quem circula pela primeira vez pelo bairro em busca de um determinado endereço, ao mesmo tempo, invoca uma ladainha para todos os santos. É que o bairro se parece com um labirinto e é fácil de se perder: tem ruas estreitas, entremeadas por praças, muito parecidas umas com as outras.
Quer uma dica divina? Sempre que precisar se localizar por lá, lembre-se que as ruas com nomes de santos ficam sempre na horizontal. Já as com nomes de santas estão localizadas na vertical.
Os Estados da Vila Cardia
Amazonas, Alagoas, Pernambuco, Recife e Sergipe. Se pedissem para adivinhar do que se trata o assunto com base nas palavras citadas acima, provavelmente você, leitor, responderia que tem relação com os Estados do Brasil.
Mas, neste caso, a resposta está errada: são nomes de ruas que compõem a vila Cardia.
Quem circula pelo bairro encontra placas com diversos nomes de estados brasileiros e até mesmo de suas capitais. Característica que pode ser considerada uma homenagem aos imigrantes brasileiros que compõem a diversidade cultural da cidade sanduíche.
Muitas árvores frutíferas no Geisel
Rua dos Limoeiros, dos Jambeiros, das Mangueiras, das Jabuticabeiras, das Amoreiras, entre outras tantas com nomes árvores frutíferas. Foi assim que foram batizadas as vias localizadas na parte baixa do Núcleo Presidente Geisel.
Mas não pense que as frutas ficam restritas às inscrições nas placas de localização. Pelo contrário, no Geisel é possível, sim, encontrar uma grande diversidade de pés de frutas.
Uma praça localizada entre a rua das Mangueiras e a rua das Videiras é um bom exemplo disso. Os vizinhos do local se mobilizaram contra a sujeira e o mato que invadiam o terreno e aproveitaram o espaço para plantar pés de pitanga, amora, goiaba, uva japonesa, mamão, jaca, e, é claro, manga.
“Pensamos em plantar frutas na praça por conta das crianças e das sombras. Depois que notamos a coincidência com os nomes das ruas daqui”, explica Odila da Silva Guido, 43 anos, moradora do local há 32 anos.
Mas, se não fosse por eles, as frutas ficariam restritas às placas. “Dá muito trabalho e a prefeitura não ajuda muito, não. Aqui, cada morador cuida do pedaço em frente a sua casa. Mas muitas árvores já estão com as raízes expostas por causa do processo de erosão. Sei não, mas pra frente...” teme Iracema Portela de Carvalho, 63 anos.