Bairros

Motociclista bate em caçamba e morre

Marcele Tonelli
| Tempo de leitura: 4 min

Um motociclista de 42 anos morreu, no final da noite de anteontem, após colidir contra uma caçamba na Vila Cardia, em Bauru. O acidente fatal de Sérgio Pereira Hilário entra para uma triste estatística do município como a 13.ª morte registrada no trânsito neste ano.

De acordo com informações do boletim de ocorrência (BO), por volta das 22h50 de anteontem, o motociclista, morador do bairro Nova Bauru, seguia com sua Honda/CG prata no sentido bairro-Centro quando, ao atingir a quadra 19 da rua Marcondes Salgado, por motivos desconhecidos, acabou chocando-se frontalmente contra uma caçamba de entulhos.

A vítima chegou a ser levada com vida ao Pronto-Socorro Central (PSC), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu alguns minutos depois. Segundo o BO, a caçamba estava posicionada de forma regular.

De acordo com levantamento da Polícia Militar (PM), a morte de Sérgio Hilário foi a quinta envolvendo motociclista neste ano e a 13.ª registrada nas estatísticas de trânsito em geral.

No ano passado, dez pessoas morreram em virtude de atropelamentos ou colisões provocadas por motocicletas.

Na avaliação do tenente Michel Collis Prieto, comandante do Pelotão de Trânsito da Polícia Militar de Bauru, os números demonstram a importância da atuação preventiva junto aos motoristas.

“O uso de equipamentos como roupas e luvas que complementem a proteção do corpo não é obrigatório como o uso do capacete, mas é tão importante quanto. Além disso, ajuda na proteção de casos em que o motociclista se envolva em acidentes estando em baixa velocidade”, salienta o comandante, ressaltando a importância dos motoristas prestar atenção ao fluxo do trânsito nas vias.

“A caçamba, quando colocada e sinalizada regularmente, é como se fosse um carro estacionado e não representa riscos para o trânsito. Mas o motorista precisa ficar bem atento”, frisa o tenente Prieto.

 

Cuidados

Na manhã de ontem, o JC esteve no local do acidente, na quadra 19 da rua Marcondes Salgado, mas a caçamba envolvida já havia sido retirada pela empresa responsável. Às margens da rua ficaram resquícios de plásticos quebrados da motocicleta pilotada pela vítima.

Na ocasião, um dos funcionários da obra nas imediações da área da colisão afirmou que um caminhão esteve por lá na tarde de anteontem para a retirada da caçamba, mas um problema causado pelo rompimento de uma das alças de ferro teria impedido que o equipamento deixasse o local.

Ao ser acionada, a Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) informou que, conforme constatado pelo setor de fiscalização do órgão, a caçamba em questão estava devidamente sinalizada com adesivos refletores.

 

Sonho interrompido

Para a família de Sérgio Pereira Hilário, 42 anos, o acidente que culminou com a sua morte na noite de anteontem foi uma fatalidade. “Ele não estava correndo porque o velocímetro da moto parou em 45 km/h. Não dá para entender”, diz Marli Theodoro, 49 anos, cunhada da vítima.

Descrito como uma pessoa religiosa, Sérgio Hilário trabalhava como auxiliar de produção há cerca de 11 anos na empresa Tilibra e, segundo familiares, na noite do ocorrido estaria a caminho do serviço.

“Ele não era de beber e não corria com a moto. Era um pai de família e trabalhador, todos os domingos frequentava a igreja”, lamenta Marli, informando que um dos maiores desejos de Sérgio era finalizar a reforma de sua casa no bairro Nova Bauru. “Infelizmente, os sonhos dele foram interrompidos por aquela caçamba”, completa.

O corpo do motociclista foi velado no Centro Velatório São Vicente. O sepultamento ocorreu às 17h de ontem, no Cemitério Jardim dos Lírios. Além da esposa Marlene Theodoro Hilário, 50 anos, Sérgio deixa os enteados Fabiele Theodoro Hilário, 26 anos, e Fabiano Theodoro Hilário, 30 anos.

 

Não há dados de multa contra caçamba

As caçambas são equipamentos úteis e práticos na construção civil, mas se não estiverem sinalizadas ou estacionadas regularmente podem causar acidentes. Segundo a Secretaria de Planejamento (Seplan), a lei 3982/95, que trata do uso do passeio público e outros assuntos, prevê multa de R$ 106,45 para empresas responsáveis por caçambas sem adesivos do friso refletor.

A equipe de reportagem do JC percorreu ruas de Bauru para checar as condições das caçambas e encontrou algumas em situação duvidosa. O motociclista Josué Santiago dos Santos trabalha fazendo entregas o dia todo e ficou surpreso quando, ao fazer uma conversão na rua Anvar Dabus com Araújo Leite, quase bateu sua motocicleta contra uma caçamba que estava próxima à esquina.

Sem nenhuma sinalização adesiva, o equipamento pode representar uma ameaça. “Isso à noite vira uma armadilha, além de colocar vidas em risco”, reclama Santos.

Questionada, a empresa responsável pela colocação da caçamba naquele trecho informou que ainda na tarde de ontem funcionários estiveram no local para adesivar a caçamba e colocá-la longe da esquina.

“As caçambas são alvos frequentes de vandalismo. O pessoal acaba arrancando os adesivos ou até queimando a caçamba”, aponta o responsável pela colocação dos equipamentos da empresa, Daniel Ferreira.

Na quadra 11 da rua Capitão João Antônio, no bairro Santa Lúcia, uma caçamba com galhos de árvores tinha os adesivos refletores tapados pelas plantas. A empresa afirmou que ainda ontem entraria em contato com o cliente para alertá-lo quanto à irregularidade na sobrecarga dos materiais junto à caçamba.

Apesar dos casos noticiados pelo JC, a Seplan informa que não há registro de multas dessa natureza desde 2011 e que as vistorias fazem parte da rotina de serviços da Secretaria.

Denúncias de caçambas em situação de irregularidade podem ser feitas no telefone (14) 3235-1093. 

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