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De dez suicidas, oito avisam intenção

Luciana La Fortezza
| Tempo de leitura: 2 min
No geral, 90% dos casos de suicídio poderiam ser prevenidos. Até porque, dentre 10 pessoas que tiram a própria vida, oito delas avisam de alguma maneira a intenção de ceifá-la. Os números foram passados por Sandra Moraes, vice-coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV), que ontem pela manha promoveu em Bauru a 2.ª Caminhada pela Vida, realizada para marcar o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, cuja data foi sábado.
No mesmo dia, uma garota de 14 anos tentou provocar a própria morte na cidade, assim como um homem de 32 em Lençóis Paulista (43 quilômetros de Bauru), onde outra pessoa tomou a mesma iniciativa, na manhã de ontem (leia nesta página).
Para que casos dessa natureza sejam inibidos, o CVV busca pelo 3º ano consecutivo a mobilização popular para a realização do Setembro Amarelo. Na mesma lógica do Outubro Rosa e Novembro Azul, o objetivo da iniciativa é chamar a atenção das pessoas à problemática do suicídio e estimular a conversa sobre a questão.
“É um tema que ainda é um tabu muito grande. Quanto mais informações, melhor. Trata-se de um alerta. Pelas estatísticas, normalmente, os homens comentem mais suicídio, justamente por usarem meios mais letais. Já as mulheres são as que mais tentam tirar a própria vida. No entanto, estão mais abertas à ajuda”, acrescenta Sandra.
Experiência
Dentre as cerca de 200 pessoas que participaram da caminhada, segundo estimativa dos organizadores, uma delas (cujo nome foi preservado para evitar constrangimentos) contou sobre o marido que, em depressão, comentou que só não se atirava do terceiro andar do apartamento onde morava, porque sabia que poderia não ser letal.
“Isso porque ele não conseguia entender que estava em depressão, nem aceitava. É muito sério. Fizemos várias mudanças. As pessoas podem achar que (o suicídio) é uma solução, mas não é”, comenta.
Além de palavras, atitudes também podem demonstrar a intenção de pessoas interessadas em provocar a própria morte. “Às vezes, por exemplo, ela começa a arrumar as coisas para quando não estiver mais aqui. São sinais sutis, que precisamos prestar atenção”, comenta a vice-coordenadora do CVV.
Ainda de acordo com ela, em casos de suicídio, embora não devesse, têm famílias que carregam a culpa por conta do impacto da morte. Neste caso, também devem buscar apoio e suporte.

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