O Estatuto das Cidades, lei responsável por regulamentar a política urbana, prevê aspectos como moradia, saneamento, infraestrutura, transporte e serviços públicos como direito de cada indivíduo. Sem essas prerrogativas básicas, o conceito de cidadania se esvai. Justamente para fazê-lo valer, moradores do bairro Águas Virtuosas, em Bauru, cobram atenção do poder público e daqueles que pretendem conduzir a cidade.
A expectativa é incluir a região 'no mapa do município', ou seja, fazer com que benfeitorias sejam discutidas e implementadas também no local, cercado de problemas. Embora as ruas sejam estreitas, quase todas de terra, não haja rede de água e esgoto, a iluminação pública seja precária, sem que a população possa contar com transporte coletivo, o número de famílias tem aumentado no local, especialmente nos últimos três anos.
De forma regular ou clandestina, essas ocupações exigem contrapartida da administração municipal, cujo cofre tem 'secado' por conta da crise atual. Somente a Secretaria de Obras teria de investir algo em torno de R$ 20 milhões para resolver as principais demandas que se apresentam no Águas Virtuosas e são de sua área de atuação.
Mas ainda que verba não representasse dificuldade, qualquer obra no local demanda atenção redobrada já que o bairro está situado em Área de Proteção Ambiental (APA) e também em Área de Preservação Permanente (APP). Por conta a APA e da APP, loteamentos estariam impedidos na região. No entanto, muitas famílias instalaram-se no bairro antes mesmo da vigência das leis.
No local, onde os proprietários de imóveis pagam Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), é possível encontrar quem, aos 30 anos, só tenha morado ali. É o caso de Irene da Cruz, que espera oferecer aos filhos uma vida menos conturbada que a sua, com acesso a todos os direitos previstos na Constituição.