Alberto Consolaro

Já estou preparado para a 3ª dose

05/06/2021 | Tempo de leitura: 3 min
Alberto Consolaro – Professor Titular da USP e Colunista de Ciências do JC

Vacinas induzem as células imunológicas chamadas de macrófagos a reconhecerem o vírus como diferente do corpo, pois as vacinas o imitam na sua estrutura. No caso dos vírus vivos, após este reconhecimento, elas os apresentam aos linfócitos T4 que comandarão três ações paralelas:

1º) Produção de anticorpos por linfócitos B ou plasmócitos (imunidade humoral),

2º) Geração de células liberadoras de produtos chamadas linfócitos T8 que atuarão contra as células que tem o vírus no seu interior, pois isto é detectado por alterações em suas superfícies externas (imunidade celular) e,

3) Criação de um clone de linfócitos com memória pronta para ativar estes mecanismos anteriores, quase imediatamente, em uma posterior entrada do vírus.

Na vacina tudo isto acontece também em poucas semanas e desaparece. Fica se apenas a memória dos mecanismos no clone de linfócitos. Os anticorpos depois de algumas semanas desaparecem e as células citotóxicas antivirais específicas também!

De nada adianta, de forma segura, ficar medindo a quantidade de anticorpos depois da vacina ou depois de ter tido a doença, pensando-se que está medindo a proteção e quantificando a imunidade contra a doença. Isto é atitude de quem precisa estudar imunologia e nada mais! O que vale é a memória que fica nos linfócitos.

TEMPO DE MEMÓRIA

E por quanto tempo funciona esta memória?

1). Para alguns vírus e bactérias dura a vida inteira como ocorre na poliomielite ou paralisia infantil, sarampo, caxumba, tuberculose e outras.

2). Para outros dura algumas décadas como para o vírus da varicela e zoster: depois dos 50 anos deve se vacinar novamente.

3). E tem casos como o vírus da gripe, influenza e outros que esta memória dura 1 ano, requerendo dose anuais para se proteger. Parece que no caso do coronavírus 19 a imunidade dura 6 a 12 meses, mas isto ainda está sendo estudado de forma mais profunda, sendo apenas extrapolações de outras situações para a que estamos vivendo!

Se for deste jeito, já estou me preparando para receber a terceira dose da vacina, pois vai completar 6 meses que tomei a segunda dose, e como sou precavido, quero tomar logo para ficar protegido! É por isto que tem gente que já teve a doença, e tá pegando de novo! Teve a um ano atrás, por exemplo! A imunidade de quem já teve a doença ou de quem tomou a vacina dura entre 6 meses e um ano. E pensar que tem gente que nem tomou a primeira dose!!!!

REFLEXÃO FINAL

Tudo que escrevi acima, seria o normal acontecer em um ambiente de vacina em massa e rápida, tipo vacinar a todos em 3 meses. Se a vacinação demorar muito mais que isto, além da imunidade de 6 a 12 meses acabar, ainda no meio da campanha para parte da população, teremos grupos de vírus que se modificam naturalmente no meio deste período, correndo-se o risco de a vacina perder efeito!

O mais impactante é que tudo isto está escrito nos livros de imunologia de 1980 e 1990. Aliás, naquela época, já se sabia a diferença entre um protozoário e um vírus, e aprendi isto no colégio, o mesmo que em cada sala de aula tinha um globo terrestre “redondo”!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.