É comum dizer que se fala mais da vida alheia em determinadas atividades do que em outras. Não é verdade, e se fala mal dos outros em todos os lugares com tanta frequência que se poderia dizer que é uma verdadeira pandemia, incluindo as redes “antissociais”.
Tem pessoas que ao encontrá-las todos os dias, sem que você lhe pergunte, já lhe fala quem separou, morou, foi preso ou perdeu o emprego! Para variar, de vez em quando esta mesma pessoa te aborda assim: você sabe a novidade? Ou conforme o dia a pergunta dirigida a você é se sabe quem morreu hoje! Não raramente a abordagem é: você viu que fulano está com câncer?
Maldizer significar criar e repassar mentiras, distorcer a realidade, distribuir e enviar inverdades, maldades e preconceitos. A maledicência é fruto da frustração das pessoas com suas vidas e fracassos associados com a incompetência e covardia. São pessoas que não conseguem olhar para si mesmo e não têm a humildade de reconhecer seus limites e erros como todos temos! Podem ser futricas superficiais, mas a maioria acaba com credibilidades, reputações e vidas construídas com muito trabalho durante a vida inteira.
COMO AJUDAR
A psicologia e psiquiatria, especialidades clínicas e ciências, explica: quando você faz alguma coisa quando adulto, geralmente está repetindo um padrão de comportamento familiar ou social quando era criança ou adolescente. Por exemplo, quase todo estuprador foi abusado sexualmente quando criança ou adolescente! Quando se faz maledicência ou maldades, pessoalmente ou nas redes antissociais, provavelmente está se repetindo um padrão de comportamento! Antes de praticar a maledicência pense nisto e reflita, procure um tratamento com psiquiatras e psicólogos para ter uma vida normal.
Para quem tem coragem, responda este questionário ou prova de fogo: 1). Quantas mensagens e vídeos você abriu esta semana que não são maledicência? 2). Quantos você assumiu a coautoria repassando-as aos “amigos” que você “ama”? 3). Como explica este prazer patológico? 4). Que tara ou distorção psicológica se criou no cérebro? 5). Quem está imitando com estas maldades e repassando-as? 6). Quais são os ídolos, paradigmas e referências pessoais? 7). Não está na hora de trocar seus ídolos e paradigmas? É difícil, procure ajuda de um bom amigo, psicólogo ou de um psiquiatra. Nós imitamos os paradigmas e é difícil quebrar um ciclo vicioso como este!
Na parede estava escrito: “se não puderes servir o bem, cale o dom de falar”! Eu ficava horas lendo, relendo, procurando entender e ficou profundamente gravado em minha mente. Na trajetória da vida vejo como inevitável: a maledicência acaba se voltando contra o fofoqueiro que vira uma das vítimas de suas próprias armas! É o efeito bumerangue: o maldoso acaba sendo vítima de sua própria maldade, é só questão de tempo ou anos e pode envolver até suas pessoas mais amadas!
REFLEXÃO FINAL
- Mas, se não for da vida alheia, do que falaremos em casa, lazer e trabalho? Falta assunto? Então leia, faça cursos, passeie, veja um filme, escreva, fotografe, pinte, durma, pratique esportes, mas não use o lado negro da vida! Para Paulo Coelho, a língua que calunia mata três pessoas: a que profere a calúnia, a que escuta e a pessoa sobre a qual se fala.
Fique calado se não for para servir o bem! Acenda um incenso, medite e diga mil vezes: vai para o inferno satanás!
Alberto Consolaro é professor titular da USP em Bauru e colunista de Ciências do JC