Fazendo uma analogia, acredito que viver é estar em um túnel escuro, onde você caminha para um lado e bate a cabeça, inverte o lado e colide novamente. Algumas pessoas avançam, outras ficam indo e voltando para o mesmo ponto, aparentemente confortável. Nessa fase você está plenamente no mundo relativo, onde precisa-se do frio para valorizar o calor, necessita-se do cansaço para considerar o descanso, da tristeza para enaltecer a alegria. Em resumo: Precisa-se de referências do mundo dual, positivo e negativo. Predominam, nessa etapa, o orgulho e o egoísmo, e consequentemente a competição. Na ausência de claridade, obviamente, falta visão da realidade. A escuridão tem a ver com o excesso de apego as coisas materiais, as ilusões, as distrações excessivas, a prática dos sete pecados capitais, a falta de propósitos, a não utilização das vocações, e a percepção de estar colocando competências e inteligências na direção errada. E, com isso, em geral, o psicológico da pessoa apresenta problemas, considerando a necessidade de equilíbrio interior, imprimindo no corpo problemas celulares, uma vez que as células seguem as energias determinadas pela própria mente.

Com o tempo, depois de muitas aprendizagens, obtenção de virtudes, maior controle sobre os desejos e imaginações, bem como libertações das prisões mentais, tais como crenças limitadoras, ingenuidades e outras, buscando avançar, conclui que a felicidade tem a ver com ser útil ao próximo. Em face disso, descobre o caminho do meio, no sentido correto, que propicia enxergar uma luz, que é um sinal de que está pondo um pé no mundo absoluto. Nesse novo momento, os altos e baixos desaparecem, a mente percebe que algo dará certo, aumenta o entusiasmo, surge uma vontade de cooperar e percebe-se uma paz enorme no coração. Sinais de felicidade se tornam perceptíveis. Nesse novo mundo seu, você se sente acima do positivo e do negativo. Tira o máximo proveito de tudo. A mágoa desaparece, pois o investimento em compreender predomina. A compreensão de que a oportunidade precisa da ameaça para poder triunfar, tem a ver com essa nova visão. Nesse desenrolar você passa a agradecer tudo o que ocorre, pois não existem perdas, uma vez que todas as ocorrências são para o seu desenvolvimento intelectual e moral. Mais um detalhe: quando você está na penumbra e percebe a luz, naturalmente você compartilha a observação com os outros e acelera o passo. Talvez seja por isso que estamos vivendo, de forma coletiva, tempos que dão a sensação de aceleração.