Conversando com o Bispo

Tornar-Se Rico Diante De Deus" - Ano C

31/07/2022 | Tempo de leitura: 3 min

No Evangelho da Missa de hoje - Lc 12,13-21 - alguém do meio da multidão faz um pedido excêntrico a Jesus: "Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo". Jesus reage, esquivando-se: "Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?" Como a pergunta foi feita em público, Jesus aproveita a situação, como era hábito seu, para discorrer sobre os bens materiais e a riqueza, admoestando contra a ganância, a ambição por lucros e ganhos e as preocupações mundanas com a questão do bem-estar. Ele diz-lhes: "Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens". E conta-lhes a parábola daquele homem rico que obteve uma grande colheita a ponto de ter de construir novos celeiros para guardar todo o trigo colhido. E depois que ele entesourou seu trigo com os seus bens, disse para si mesmo essa pérola de "idiotice": "Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!" E a parábola continua: "Mas Deus disse a esse fazendeiro: Louco! Ainda nesta noite pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?" Jesus conclui a parábola, dizendo: "Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus".

Temos ouvido dizer com justa razão que precisamos voltar ao Catecismo da Igreja Católica, isto significando a necessidade de retornarmo-nos aos ensinamentos fundantes da fé, com os seus preceitos básicos tirados dos Evangelhos e como ensinados fielmente por nossa santa Igreja, porque parecem relativizados ou esfumaçados nos tempos de hoje. Então tomo a liberdade de buscar a inspiração num outro antigo pequeno livro intitulado "Imitação de Cristo". A "Imitação de Cristo" é um livro que não perdeu o seu valor, embora ande esquecido. Costumava-se dizer que de todos os livros saídos das mãos dos homens, a "Imitação de Cristo" era o mais admirável e o mais popular livro dos cristãos. Quando em 1956 fui para o Seminário, levei a "Imitação de Cristo", pois fazia parte dos itens dos acessórios para o ingresso no Seminário. Tenho ainda comigo este exemplar publicado pela Editora Ave Maria, edição de 1956. Embora nunca o tenha abandonado, pois me acompanha a despeito das diversas mudanças de endereço que tive na vida, confesso que houve tempo em que ficou esquecido na estante. Eu também me deixei seduzir pelas modernas teologias, muitas ótimas, mas muitas nem tanto, que andaram a nos motivar, a título de renovação, a jogar fora com a água suja a própria criança que recebia o banho. Para bom entendedor, não será difícil de entender o que estou querendo dizer, pois meia palavra basta. Que há de aproveitável na "Imitação de Cristo" sobre o assunto do Evangelho de hoje? Nesse livro há sim poucas e boas. Não se pense de encontrar nele ensinamento novo ou algo que não seja segundo a verdade e a sabedoria das Sagradas Escrituras. Ele se baseia em tudo exatamente de acordo com a Palavra de Deus. O impactante e admirável ao relê-lo é o estilo de falar às claras, de ir direto à "veia", sem pretensões de adoçar ou amenizar os impactos. No espírito de hoje diz-se que tal estilo, se usado nas homilias, seria um falar politicamente incorreto. Afastaria as pessoas da Igreja, não acostumadas hoje a ouvir o que não agrada.

Pois bem, dá gosto de ler estas palavras que atingem o ponto fraco: "Ainda que tu soubesses de cor toda a Bíblia e os ditos de todos os filósofos, que te aproveitaria tudo isto sem o amor e a graça de Deus? Vaidade das vaidades, tudo vaidade, exceto amar a Deus e só a Ele servir (cf. Ecl. 1,2). Seguindo nessa fala da vaidade, o autor do livro dá um arrocho, encostando a faca no pescoço: "Riquezas, prazeres, honras, que é tudo isso quando se lança o corpo na sepultura e a alma vai para a sua eternidade? Pensa nisto seriamente desde hoje, porque amanhã talvez já seja tarde! Trabalha enquanto é dia, antes que chegue a noite eterna! Entesoura riquezas que não perecem nem os ladrões roubam".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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