Conversando com o Bispo

Renunciar a tudo o que possui para seguir a Jesus - Ano C


| Tempo de leitura: 3 min

No Evangelho da Missa de hoje - Lc 14,25-33 - Jesus fala às numerosas multidões que o acompanhavam. Sua mensagem é dirigida a todos para a conhecerem e optarem a seguir os seus passos e a fazer parte do Reino de Deus. Portanto, nesta ocasião não é dirigida somente para o grupo reduzido dos seus discípulos ou apóstolos. Contra uma mentalidade triunfalista e fundamentalista daquele tempo segundo a qual crer em Deus significava facilidade, sucesso e boa vida, como também o é hoje para muitos cristãos, conforme pregam, principalmente, muitas seitas modernas que adotam a teologia da prosperidade, Jesus afirma categoricamente que o desapego, o desprendimento e a cruz fazem parte sim do seu seguimento. Fala às claras sobre as duras exigências do Evangelho, ainda que não agrade a sua plateia.

O desprendimento das coisas, das pessoas e até mesmo da própria vida, conjugado com a prudência evangélica e o discernimento do Espírito, compõe a cruz da qual o cristão não escapará do duro desafio de decidir abraçá-la ou não. Essa cruz é como aquela que Ele abraçou em dócil cumprimento da vontade do Pai. Eis porque Jesus começa dizendo às multidões: "Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo".

Na sequência, Jesus conta duas parábolas: da construção da torre e do rei que parte para guerrear. Na primeira, Ele adverte que "nenhum sujeito prudente começará a construir uma torre sem antes calcular se tem condições de terminar a obra. Naturalmente será inevitável a gozação das pessoas que o viram começar a construção, mas não foi capaz de conclui-la". Na segunda, Ele inicia perguntando: "Qual o rei que ao sair para guerrear não examina primeiro se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?" Respondendo, Ele diz que esse rei, sendo prudente, para não entrar numa empreitada de enorme risco, antes que seja tarde, "envia mensageiros para negociar as condições de paz". Ora, Jesus conclui as duas parábolas, dizendo: "Do mesmo modo, pois, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!" As exigências que Jesus está propondo às multidões Ele as vive, conforme explica São Paulo quando diz que Jesus "aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo" (Fl 2,7). Portanto, não estava a propor aos outros um fardo que não conhecesse nem carregasse. Ao contrário Jesus convida: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve" (Mt 11,29-30).

Não tenhamos medo de professar a nossa fé na cruz de Cristo. O Papa Francisco disse: "A cruz de Jesus é a Palavra com que Deus respondeu ao mal do mundo". Todo aquele que com Jesus carrega a cruz diária do sacrifício de sua vida cristã proclama, por certo, a Palavra profética de Deus de denúncia e condenação do mal no mundo.

Setembro é mês da Bíblia. Tenhamos presente que Deus nos sustenta com a sua Palavra e os seus Sacramentos na caminhada da nossa vida cristã até ao céu. Lemos no Documento de Aparecida que "Em sua Palavra e em todos os Sacramentos, jesus nos oferece um alimento para o caminho" (n.354).

Comentários

Comentários