Conversando com o Bispo

Dia Nacional da Bíblia - Ano C


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Hoje, último domingo de setembro, é Dia Nacional da Bíblia. No próximo dia 30, comemora-se São Jerônimo, um dos quatro grandes doutores da Igreja latina, que ficou famoso por ter feito a tradução de toda a Bíblia do original hebraico e grego para o latim, concluída no ano de 404 e conhecida como "Vulgata". Conhecedor profundo do hebraico, grego e latim, São Jerônimo é considerado como um dos maiores conhecedores da Bíblia. Pois bem, por estes motivos, setembro foi organizado ao redor do tema da Bíblia para que nós, cristãos, possamos valorizar a Palavra de Deus em nossa vida, não só em setembro, mas sempre.

A Igreja diz que a Palavra de Deus é para ser "escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada". No Evangelho da Missa de hoje - Lucas 16,19-31 - Jesus narra a parábola de um homem rico e de um pobre chamado Lázaro. O rico vivia na fartura dos bens, no luxo do vestir, no prazer das festas esplêndidas. Lázaro, cheio de feridas, se contentava com os cachorros que vinham lamber suas feridas. E faminto desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Vindo a morrer, os anjos o levaram para junto de Abraão. Depois morreu o rico e foi levado para a região dos mortos, onde passou a sofrer em meio aos tormentos. Deste lugar, o rico via de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. Então, gritando por socorro, pedia a Abraão para que mandasse Lázaro molhar a ponta do dedo com água para lhe refrescar a língua, porque sofria muito naquelas chamas. Abraão respondeu: Lembra-te que durante a vida tu recebeste bens e Lázaro, males. Agora ele encontra consolo e tu, tormentos. Além do mais, há um grande abismo entre nós, ninguém daqui pode passar até aí, nem daí, até aqui. Então, num repente de bondade, o rico pediu a Abraão para que Lázaro pudesse ressuscitar e ir até à casa do seu pai e familiares, a fim de preveni-los para não chegarem também eles para este lugar de tormento. Mas Abraão respondeu que eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam. E concluiu: "Se não escutam a Moisés nem aos profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos".

Há um ditado popular que pode ser associado aqui: "Para o bom entendedor meia palavra basta". Ora, adaptando para hoje o que Jesus acabou de falar, para o cristão chegar ao céu, basta que escute ao magistério oficial da Igreja. De fato, o magistério apostólico deve ser escutado por todo cristão porque é o garantidor fiel da genuína doutrina cristã e o transmissor seguro dos ensinamentos e preceitos divinos que a Igreja recebeu de Jesus Cristo, de quem provém todo o poder e toda a autoridade, com a missão de guardá-los e ensiná-los a todos os cristãos em vista da sua salvação eterna. Mas, dizem alguns, a Igreja cometeu muitos erros no passado, muitos dos seus representantes se deixaram corromper pelo poder, pelo ter, pelo prazer. A Igreja é pecadora, por isso, não merece crédito, seu testemunho deve ser visto com suspeita e sua palavra não deve ser aceita cem por cento como certa. Ao contrário do que se pode pensar, com relação às pessoas que assim pensam vale também, "in totum", o que Jesus acabou de dizer, repetindo, "Se não escutam à Igreja, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos". A apelação, a título de justificativa, por parte dessas pessoas para um eventual descrédito da Igreja, por causa dos pecados de seus líderes, não cabe. O que está a faltar não é o crédito da Igreja, que em matéria de fé e moral não erra porque é assistida pelo Espírito Santo e, consequentemente, não prega meia palavra ou meia verdade, mas a faltar está sim o crédito da fé dessas mesmas pessoas, a qual nem precisaria que fosse cem por cento, bastando que fosse do tamanho mínimo da metade, da "meia palavra" do bom entendedor. Assim sendo, pode-se dizer que para o bom cristão meia medida de fé basta. Como crer em Cristo e crer na Igreja é a mesma coisa, assim também, escutar ao Cristo e escutar à Igreja é a mesma coisa. Então, quem não escuta à Igreja não escuta ao Cristo e não acreditará no que ela ensina, mesmo que alguém ressuscite. Eis a lição do Evangelho de hoje. Supliquemos ao Senhor a graça de valorizar em nossa vida cristã a leitura orante da Bíblia. Amém!

 

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