Reinaldo Cafeo

Por que os juros não subiram?

25/09/2022 | Tempo de leitura: 3 min

O Banco Central do Brasil interrompeu o ciclo de 12 altas e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Por que os juros não subiram? A política monetária e em especial a política de juros, têm como finalidade controlar a liquidez do mercado, e como isso, dependendo do objetivo, segurar a inflação ou estimular o consumo. Evidente que neste momento a preocupação é com a inflação. Como o IPCA, inflação oficial, vem apresentando deflação (o índice ficou negativo em 0,68% em julho e 0,36% em agosto), e caiu para um acumulado em 12 meses para 8,73%, a Autoridade Monetária entendeu que seria possível uma trégua. A decisão do Comitê de Política Monetária não foi unânime, posto que dois dos oito diretores do BC votaram por aumento de 0,25 ponto percentual.

Os juros param por aí?

A resposta é: depende. O comunicado do Banco Central deixa bem claro para o mercado que a Autoridade Monetária não medirá esforços para controlar a inflação. Desta maneira, caso haja qualquer sinalização de que os preços voltem a subir, o Copom voltará a elevar a taxa básica de juros. Evidentemente que não será mais em elevado patamar, muito provavelmente será de 0,25 ponto percentual. Lembrando que serão realizadas mais duas reuniões do Copom neste ano, em outubro e dezembro.

Já nos Estados Unidos...

Como o Banco Central americano demorou para agir no controle inflacionário, os juros por lá estão subindo fortemente. Na última quarta-feira o Fomc (equivalente ao COPOM do Brasil) aumentou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual. Agora a taxa americana opera no intervalo entre 3,0% e 3,25% ao ano. Por lá, o risco de recessão é elevado.

Enquanto isso na Argentina...

A inflação na Argentina disparou e atingiu 78,5% nos últimos 12 meses no fechamento de agosto. Somente no mês de agosto a inflação foi quase o que temos de inflação em um ano aqui no Brasil: 8%. Isso serve de alerta para os modelos econômicos que entendem que o Estado deve ser inchado e que os cofres públicos tudo podem.

Nem a Europa escapa

Na Zona do Euro a inflação acumulada em 12 meses, também fechada em agosto, atingiu 9,1%. Lembrando que a média histórica sempre foi próxima de 2% ao ano. Os juros tenderão a continuar subindo por lá.

Reta final das eleições no Brasil

Domingo que vem teremos eleições. Para o contexto econômico, a eleição para presidente é que mais impacto provoca. Normalmente, os agentes econômicos se retraem em períodos de incertezas. E de onde viriam as incertezas? Da polarização entre Lula e Bolsonaro. Tudo indica que a terceira via não surpreenderá, portanto, tudo indica que os dois candidatos que lideram as pesquisas irão para o segundo turno. Com muitas dúvidas sobre qual modelo econômico será adotado no país, é normal a retração daqueles que constroem a riqueza no país. Decisões de longo prazo são adiadas e todos esperam os resultados para sentirem na prática o que virá por aí. É fato que a reeleição de Bolsonaro traz mais previsibilidade, à medida que tudo aponta para sequência do modelo vigente. Já um governo de esquerda deixa dúvidas, posto que a visão estatizante predomina entre aqueles que são adeptos ao socialismo. Em resumo: previsão de volatilidade tanto no mercado acionário como no mercado cambial brasileiro.

Relaxa

Eu sei que a preocupação com o futuro do país nos deixa apreensivos. Mas este encontro com as urnas faz parte da democracia. Sofrer com os embates políticos, antecipar sofrimento se este ou aquele candidato vai perder ou vencer não agregam nada. Vale lembrar que quem empreende neste país já passou por tudo. Crises, choque na moeda, congelamento de preços, impeachment de presidente, mensalão e pandemia são exemplos do quanto somos fortes e superamos adversidades. Tudo poderia ser mais fácil? Poderia, mas não é, portanto, relaxa.

Mude já, mude para melhor!

Por que têm pessoas com tanto ódio no coração? Pessoas agressivas, tóxicas, que para imporem o que pensam e desejam atingem tudo e todos. Tornem a vida mais leve e respeitem a pluralidade de opiniões. Menos ódio e mais respeito. Mude já, mude para melhor! Em tempo: esta é a coluna 700 do Descomplicando a Economia. Obrigado pelo prestígio.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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