17 de dezembro de 2025
ALERTA

Dois fatores silenciosos elevam em 83% o risco de morte; VEJA

Por Da redação |
| Tempo de leitura: 3 min
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A partir dos 50 anos, o corpo passa por transformações que nem sempre aparecem nos exames de rotina. Muitas delas evoluem de forma discreta, mas podem ter impacto direto na expectativa de vida. Uma pesquisa recente acendeu um alerta: quando dois fatores específicos se combinam, o risco de morte nessa faixa etária sobe de forma expressiva — 83% a mais.

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O dado vem de um estudo publicado em 2024 na revista Aging Clinical and Experimental Research, fruto de uma colaboração entre pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e cientistas da University College London. A análise acompanhou cerca de 5 mil pessoas com 50 anos ou mais ao longo de mais de uma década.

O que mais chamou atenção dos pesquisadores não foi apenas a presença isolada de cada fator, mas a força da combinação entre eles: gordura abdominal em excesso e perda progressiva de massa muscular. Juntas, essas alterações definem uma condição conhecida como obesidade sarcopênica, associada a maior mortalidade, especialmente por causas cardiovasculares.

O impacto da combinação

Os participantes do Estudo Longitudinal Inglês sobre Envelhecimento (ELSA) foram divididos em grupos ao longo do acompanhamento. Aqueles sem acúmulo de gordura abdominal e sem perda muscular apresentaram os melhores desfechos. No extremo oposto, indivíduos que reuniam as duas condições tiveram risco de morte 83% maior no período analisado.

Quando avaliados separadamente, os efeitos foram menores: a redução de massa muscular elevou o risco médio em cerca de 40%, enquanto a gordura abdominal isolada teve impacto mais discreto, próximo de 9%. É na soma dos dois fatores que o perigo se intensifica.

Um problema difícil de detectar

Apesar da gravidade, a obesidade sarcopênica costuma passar despercebida. Métodos clássicos de diagnóstico envolvem exames caros, como tomografia e ressonância magnética, o que limita a identificação precoce, sobretudo na rede pública de saúde.

Para contornar esse obstáculo, os pesquisadores propuseram critérios mais acessíveis. A gordura abdominal foi definida por circunferência da cintura acima de 102 centímetros em homens e 88 centímetros em mulheres. Já a baixa massa muscular foi identificada por índices específicos de músculo esquelético, diferentes para cada sexo. Com essas medidas simples, foi possível mapear grupos de maior risco sem tecnologia complexa.

Por que a combinação é tão perigosa

O excesso de gordura na região abdominal favorece processos inflamatórios crônicos no organismo. Esse ambiente acelera alterações metabólicas e contribui para a degradação do tecido muscular. Além disso, a gordura pode se infiltrar no músculo, comprometendo funções essenciais ligadas ao metabolismo, à imunidade e à mobilidade.

O resultado é um ciclo silencioso: menos músculo significa menor gasto energético, o que facilita ainda mais o acúmulo de gordura — e o risco segue crescendo com o tempo.

Prevenção ao alcance da rotina

Os autores do estudo destacam que avaliações simples durante consultas médicas podem fazer diferença real na sobrevida após os 50 anos. Medir a circunferência da cintura e observar sinais de perda muscular já ajudam a identificar quem precisa de atenção redobrada.

O trabalho também reforça o papel do estilo de vida. Alimentação equilibrada e exercícios de força não apenas ajudam a controlar a gordura abdominal, como preservam a massa muscular, melhoram a autonomia e reduzem o risco de desfechos graves ao longo do envelhecimento.